Setor de máquinas prevê recuperação discreta
29 de janeiro de 2025

As indústrias fabricantes de máquinas e implementos agrícolas no Brasil sofreram um baque em suas vendas no ano de 2024. De acordo com o levantamento apresentado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) o recuo no ano passado, em comparação com o acumulado dos 12 meses de 2023 foi de 19,5%. Foram comercializadas no atacado, conforme a entidade, 48,9 mil unidades. O resultado negativo interrompeu quatro anos consecutivos de crescimento do setor e a queda vem sendo associada aos problemas climáticos nacionais que afetam o desempenho das safras de grãos. A maior queda registrada foi no setor de colheitadeiras, que venderam 54,2% menos que no ano passado, seguidas pelos tratores de rodas, com recuo de 15,2%. Especificamente nestas sessões, os resultados negativos vêm se apresentando desde 2022.
De acordo com o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, a razão para o desempenho negativo das máquinas e implementos agrícolas decorre da quebra na safra 2023/2024, a qual subtraiu da produção nacional 23 milhões de toneladas de grãos. O executivo destacou as adversidades como enchentes e estiagens em vários estados brasileiros como uma das causas que provocaram a queda de 7,2% no volume de produção de grãos; a redução do Valor Bruto de Produção (VBP) recebido pelos produtores rurais de 3,2%, atingindo R$ 847 bilhões; e o crescimento do estoque de passagem de grãos que resultou no recuo das cotações das principais commodities agrícolas pelo segundo ano seguido. Já as exportações de máquinas agrícolas tiveram queda de 31%, com envios de 6 mil unidades para países estrangeiros. Para o ano de 2025, as projeções da Anfavea são de um crescimento discreto, na casa de 1%.
Segundo o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão Bastos de Oliveira, dia 29 de janeiro, a entidade também vai divulgar seus números consolidados para o setor. De acordo com o empresário, a estatística considera as informações de 420 fabricantes espalhados pelo território brasileiro.
“Não fechamos o ano ainda, mas o acumulado estava em menos 23% no faturamento”, pontua Estevão, levando em consideração o movimento apurado até setembro de 2024.
O dirigente da Câmara Setorial da Abimaq atribui à estiagem os problemas enfrentados durante a safra de grãos, quando se reduziram as produtividades nas principais culturas e caiu a rentabilidade do produtor rural. “O pessoal (produtores) fica mais restritivo em fazer investimento e o outro fator é o juro que subiu muito. Um problema óbvio para quem busca comprar máquina financiada”, afirma.
“No ano passado também não tivemos aumento de área relevante. Sempre quando há aumento de área temos dois mercados. Os de reposição das máquinas antigas e o de expansão (o que representa as das novas aquisições)”, detalha.
Estevão antecipa que, para 2025, os associados da Abimaq relatam uma previsão de aumento de 8% no faturamento para máquinas e implementos agrícolas. Segundo ele, o que levará a esta grande mudança é que a indústria metal mecânica acredita numa safra melhor neste ano. “As lavouras estão indo bem”, complementa.
Entretanto, Pedro Estevão Bastos alerta que a projeção de aumento no faturamento de 8% em relação a uma queda de 23% “não é grande coisa”. O executivo destaca que existem outras variáveis que influenciam as decisões de investimento do produtor.
“Os preços das commodities, principalmente da soja e do milho, que representam quase 60% do mercado de máquinas agrícolas, continuarão baixos, e o juro dos financiamentos vai continuar alto”, finaliza.
Fonte: Correio do Povo