Brasil fica fora do top 10 de destinos para investimentos globais pelo segundo ano consecutivo
28 de janeiro de 2025

Pelo segundo ano seguido, o Brasil não foi citado pelos CEOs globais como um dos dez principais destinos para investimentos, ocupando a 13ª posição no ranking da 28ª edição da Global CEO Survey, realizada pela PwC. O estudo, divulgado durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, revelou que apenas 4% dos executivos mencionaram o País como um mercado prioritário para os negócios em 2024. Apesar do resultado abaixo do esperado, houve uma ligeira melhora em relação ao ano anterior, quando o Brasil ficou na 14ª colocação, com 3% das menções.
A pesquisa ouviu cerca de 4,7 mil CEOs em mais de 100 países, sendo os executivos brasileiros o segundo maior grupo de respondentes. Para Marco Castro, sócio-presidente da PwC Brasil, o desempenho do País pode parecer contraditório diante do recorde esperado em investimentos diretos internacionais em 2024. Ele atribui esse cenário ao fenômeno do nearshoring – estratégia de aproximar a produção do mercado consumidor – e ao protecionismo impulsionado por tensões geopolíticas. “Os CEOs estão redistribuindo investimentos e priorizando operações em seus próprios territórios”, explica.
Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha lideram preferências globais
Os Estados Unidos continuam a ser o principal destino para investimentos, com 30% das menções dos CEOs, seguidos pelo Reino Unido (14%) e Alemanha (12%). A China, que em 2024 ocupava a segunda posição com 21% das citações, caiu para o quarto lugar, com apenas 9%. Para os executivos brasileiros, os mercados mais importantes são os Estados Unidos (36%), México (20%) e Argentina (20%).
Apesar das incertezas geopolíticas, o otimismo com a economia global cresceu entre os CEOs: 58% esperam uma aceleração do crescimento nos próximos 12 meses, contra apenas 20% que preveem desaceleração. Esse é um avanço significativo em relação a 2024, quando 38% dos executivos projetavam crescimento. “A inflação está contida, as taxas de juros estão caindo, e há oportunidades de investimento”, avalia Castro.
Otimismo brasileiro se destaca no G20
No Brasil, o cenário também é de esperança. Segundo a pesquisa, 73% dos CEOs locais acreditam em uma aceleração do crescimento econômico do País, colocando o Brasil como o terceiro mais otimista entre as nações do G20, atrás apenas da Argentina (91%) e da Índia (87%). “O CEO brasileiro costuma ser mais otimista do que a média global”, destaca Castro.
No entanto, o estudo foi realizado entre novembro e dezembro de 2024, antes da apresentação do pacote de contenção de gastos do governo e da proposta de isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5mil. Essas medidas geraram desconfiança no mercado, refletida na alta do dólar acima de R$ 6 e no aumento dos juros. “Investimentos têm um olhar de médio e longo prazo. O Brasil tem potencial, especialmente na área de energia limpa, com uma matriz favorável e a COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática) em destaque este ano”, afirma Castro.
Enquanto o Brasil busca consolidar sua atratividade para investidores globais, o otimismo interno e as oportunidades em setores estratégicos, como energia renovável, podem ser os trunfos para reverter a atual percepção internacional.