Governo Trump prende 538 imigrantes ilegais e deporta centenas em aviões militares
24 de janeiro de 2025

A administração de Donald Trump deu início a uma ofensiva contra imigrantes em situação irregular nos Estados Unidos, cumprindo uma das principais promessas de campanha do republicano. Nos primeiros quatro dias após sua posse, ocorrida na última segunda-feira (20), 538 pessoas foram presas e deportadas, em uma operação que sinaliza a ampliação das políticas de imigração de linha dura.
A medida, ordenada diretamente por Trump, reforça os poderes dos agentes de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês), ao mesmo tempo em que desmantela programas implementados durante o governo Joe Biden. Esses programas garantiam o status legal a milhões de imigrantes que entraram no país nos últimos dois anos. Agora, sob a nova diretriz, é possível realizar deportações rápidas em todo o território norte-americano, sem a necessidade de um processo legal completo.
De acordo com um memorando obtido pelo jornal The New York Times, o ICE recebeu orientações para priorizar imigrantes que estão no país há mais de um ano e não solicitaram asilo. Antes, essas ações estavam restritas a imigrantes flagrados perto da fronteira. Agora, a área de atuação foi ampliada, permitindo operações em todo o país.
Outro ponto crucial do memorando é a permissão para que agentes encerrem casos de deportação em trâmite e os transfiram para o programa de deportação acelerada, que exige menos etapas legais. Além disso, imigrantes que excederam o prazo de dois anos em programas temporários também podem ser alvo de processos formais de remoção.
A administração Trump também aboliu dois programas criados durante o governo Biden, que permitiam aos migrantes solicitar asilo e permanecer nos EUA sob o status de liberdade condicional por até dois anos. Esses programas resultaram na entrada de 1,4 milhão de pessoas no país entre 2023 e 2024. Com o fim dessas iniciativas, migrantes em processo de regularização também correm o risco de terem seus pedidos negados e serem incluídos no sistema de deportação acelerada.
A medida marca o retorno de uma política de imigração mais agressiva, com o objetivo declarado de coibir o que Trump chamou de “abuso” do sistema migratório dos EUA. Segundo uma fonte de alto escalão do Departamento de Segurança Interna, Trump acredita que os programas de Biden nunca tiveram validade legal e que os imigrantes ilegais devem ser removidos com celeridade.
Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca e conhecido arquiteto das políticas de imigração de linha dura, reafirmou essa posição. “Aqui vai uma ideia: não mandem milhões de imigrantes ilegais de estados falidos para pequenas cidades no coração dos Estados Unidos”, escreveu ele em uma rede social em setembro do ano passado.