RS tem maior número de projetos de parques eólicos offshore
20 de janeiro de 2025
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O Rio Grande do Sul é o estado com o maior número de projetos em análise no Ibama para licenciamento ambiental de complexos eólicos offshore. São 30 processos em aberto para a instalação de parques para produzir energia no mar a partir dos ventos. Se forem aprovados, serão 75.908 mw de potência para geração limpa e renovável na costa gaúcha, mudando o cenário do Litoral, industrializando e aquecendo a economia da região.
Na semana passada, o governo federal sancionou a lei que permite e regra a exploração de energia elétrica no mar. Conforme a presidente do Sindienergia-RS, Daniela Cardeal, embora a legislação tenha sido inicialmente associada à fonte eólica, “existe espaço para que outras tecnologias de geração offshore possam ser exploradas no futuro”. Isso pode incluir, por exemplo, energia solar flutuante ou, até mesmo, tecnologias emergentes, como hidrogênio verde em “ilhas artificiais” e maremotriz, obtida a partir do movimento das águas.
Na avaliação da engenheira, o RS está preparado para receber estes novos empreendimentos. “A lei traz ordenações de locais para a instalação dos parques e o RS tem muitos estudos ambientais. O Sindienergia-RS está concluindo um estudo de favorabilidade de instalação de empreendimentos de geração de energia no mar”, disse. Outro ponto é o de infraestrutura e logística. “O Porto de Rio Grande está em um bom momento, atento a novos mercados, promovendo uma dragagem e aumentando o calado para receber embarcações de tamanhos compatíveis com o setor”, ressaltou. Além disso, existe previsão de 8 gigawatts de margem de conexão com o sistema Sistema Interligado Nacional (SIN) no Estado.
Com o início da produção, será gerado volume de energia em grande escala, o que demanda compradores. Entre os setores que podem se beneficiar com o uso dessa fonte estão o agronegócio e a indústria. “A oferta permite que as indústrias, por exemplo, possam optar por uma energia limpa e renovável, além do mercado de data center”, destacou Daniela.
Mesmo com as boas perspectivas, o vice-coordenador de PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) do Sindienergia-RS, Odilon Francisco Pavón Duarte, pondera que a logística e a necessidade de cada vez mais estudos são desafios com a implementação da lei. Os altos custos de instalação das plataformas eólicas também podem representar dificuldades. “Apesar dos desafios, a energia eólica offshore representa uma grande oportunidade para o Brasil. Com um potencial eólico marítimo significativo e uma legislação favorável, o país pode se tornar um líder mundial na produção de energia limpa e renovável”, destacou.
Primeiros parques só devem entrar em operação depois de 2030
A energia eólica offshore é gerada pela força dos ventos em turbinas eólicas instaladas em plataformas no mar. Essa fonte é considerada renovável e limpa, com baixa emissão de gases do efeito estufa.
Devido ao longo ciclo de desenvolvimento de um projeto de eólica offshore, que pode durar de sete a 10 anos, desde o planejamento inicial até o início da operação, a previsão da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica) é que a entrada em operação dos primeiros projetos no mar só poderá ser vista a partir do início da próxima década. Após a finalização do projeto, somente o processo de obtenção de licenças e o engajamento das instituições pode levar até cinco anos.
A presidente executiva da ABEEólica, Elbia Gannoum, analisa que o marco trará para o setor a segurança jurídica necessária para que o país possa atrair investidores. “Algo que esperamos há três anos e que agora se concretiza como viável e necessário para o Brasil”, destacou.
O Brasil tem um dos maiores potenciais do mundo para a geração de energia eólica offshore, com mais de 1.200 GW disponíveis, segundo o Banco Mundial. Dados do Global Wind Energy Council (GWEC) mostram que cada GW instalado representa um investimento de 2,5 bilhões euros na economia brasileira.
Desenvolvimento local
A maioria dos projetos tramitando no Ibama são de empresas estrangeiras ou com capital de fora do país. Mesmo assim, a associação ressalta que, à medida que o setor eólico offshore cresça no país, essa cadeia será capaz de fabricar componentes de turbinas eólicas, cabos e outros materiais essenciais. Entre as indústrias e fabricantes que terão a oportunidade de se desenvolver no Brasil, destacam-se as indústrias naval, portuária, siderúrgica, e outras tecnologias relacionadas.
Daniela Cardeal salienta que os investimentos podem favorecer a transmissão, educação, capacitação de mão de obra e novos polos de inovação. No Estado, o Litoral não é uma região tão industrializada como a Serra, por exemplo”, observou, prevendo um desenvolvimento do setor na região.
O texto da lei prevê, também, incentivos ao desenvolvimento da indústria nacional, à geração de empregos e ao fortalecimento da segurança energética do país, integrando aspectos econômicos e ambientais. Para garantir a sustentabilidade das atividades, estabelece exigências para o descomissionamento de empreendimentos e a restauração das áreas exploradas, além de obrigar consultas prévias às comunidades afetadas, promovendo o respeito às práticas marítimas tradicionais e à cultura local.
Projetos com processo de licenciamento ambiental aberto no Ibama para complexos eólicos offshore:
Rio Grande do Sul: 30
Ceará: 28
Rio de Janeiro: 16
Rio Grande do Norte: 14
Espirito Santo: 7
Piauí: 7
Maranhão:3