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Polícia acha nota fiscal de compra de arsênio em celular de suspeita de envenenar bolo em Torres

Polícia

13 de janeiro de 2025

Polícia acha nota fiscal de compra de arsênio em celular de suspeita de envenenar bolo em Torres
Coletiva sobre casos de envenenamentos em Torres
Foto: Mauro Schaefer

A Polícia Civil confirmou, nesta segunda-feira, que havia uma nota fiscal de compra de arsênio no celular de Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar e matar quatro pessoas da mesma família. No documento, ainda segundo a instituição, também constava o nome de Deise como destinatária. A substância, base do veneno arsênico, estava no bolo consumido por vítimas em Torres.

No final de agosto de 2024, Deise também teria provocado a morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos. Entretanto, ainda não está claro em que momento ela teria envenenado a farinha usada para fazer o bolo de Natal que levou as outras três vítimas à morte.

De acordo com a PC, em um intervalo de quatro meses, Deise teria comprado arsênio pelo menos quatro vezes. As aquisições foram feitas na internet, e as entregas ocorreram via Correios.

Uma das compras da substância foi realizada pouco antes da morte de Paulo. Ele era marido de Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61 anos, que preparou o bolo de Natal e que também foi contaminada.

Em depoimento, Deise informou aos policiais que visitou os sogros no dia 31 de agosto. A visita seria uma tentativa de reconciliação após décadas de brigas com Zeli, supostamente motivadas por um saque bancário. Na ocasião, Deise e o companheiro levaram bananas e leite em pó para a casa dos familiares em Arroio do Sal.

Paulo Luiz dos Anjos morreu dois dias depois da visita da nora. À época, a família acreditou que ele havia morrido por intoxicação alimentar devido ao consumo das bananas, teoricamente contaminadas na enchente. Após a exumação do corpo dele, na semana passada, o Instituto-Geral de Perícias (IGP) encontrou arsênio no cadáver.

Nora visitou sogra cerca de um mês antes de envenenamento

Exames também detectaram arsênio em Zeli e no corpo de outras duas pessoas que consumiram o bolo em Torres no final do ano. Segundo a perícia, a farinha utilizada na sobremesa continha doses letais do químico. A PC ainda tenta desvendar como se deu a dinâmica que resultou no envenenamento do doce.

Não é descartado que Deise tenha deixado a farinha contaminada com Zeli pouco no mês que precedeu o Natal. Antes de ser presa, no último dia 5 de janeiro, ela prestou um depoimento em que diz que esteve na casa da sogra, em Arroio do Sal, entre os dias 16 e 19 de novembro de 2024.

O depoimento ainda dá conta que Deise e o companheiro levaram Zeli de carro para casa no dia 16 de novembro. Eles teriam oferecido a carona após uma visita dela em Nova Santa Rita, onde o casal morava.

Zeli teria levado vários mantimentos de Nova Santa Rita para Arroio do Sal. Uma das suspeitas é que a farinha contaminada com arsênio estivesse em meio aos produtos.

Na residência de Zeli, ainda segundo o relato de Deise, “havia um cheiro insuportável em virtude da geladeira estar desligada” após uma falta de luz. Ela também disse que a maioria dos alimentos foi jogado fora, à exceção de uvas passas, frutas cristalizadas, requeijão, margarina, molhos que estavam tampados, vinho, presunto, queijo e ovos.

Quando foi interrogada, Deise negou ter levado veneno para a casa de Zeli. Ela declarou que “embora não sejam próximos, ninguém teria motivos de chegar ao extremo e envenenar a família”.

Desentendimento entre nora e sogra precedeu Natal

No registro da Polícia Civil, Deise confessou que estava chateada porque a sogra não quis passar o Natal com ela e o neto. Isso porque, segundo o relato da investigada, Zeli teria preferido celebrar a data com as irmãs, Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva.

Neuza e Maida morreram em 24 de dezembro, um dia após ingerir o bolo envenenado. Também veio a óbito, na mesma data, a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos.

Em nota, a defesa de Deise Moura dos Anjos diz que as declarações divulgadas pela Polícia Civil ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso, e que por isso aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação. O comunicado também diz que já foram realizados requerimentos e esclarecimentos no inquérito judicial referentes aos andamentos da investigação, e que a defesa aguarda neste momento a decisão judicial.

Fonte: Correio do Povo