O presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (07) que é importante que governo tente perseguir sua meta fiscal mesmo que seja difícil, afirmando que a saúde das contas públicas tem “relação direta” com o processo de afrouxamento monetário.
“É importante sempre um equilíbrio entre receitas e gastos. A gente vê que o governo está fazendo uma força, e isso é muito importante porque tem uma conexão direta com a taxa de juros e com o processo de queda de taxa de juros”, disse Campos Neto em palestra.
O mercado financeiro tem mostrado falta de confiança na capacidade do governo de alcançar a meta de zerar o déficit primário em 2024, já que tem havido resistência no Congresso a algumas medidas que buscam aumentar a arrecadação, como a reoneração gradual da folha de pagamentos.
Sobre a inflação, o presidente do BC disse que ela está em queda, mas ressaltou surpresas para cima em dados recentes da inflação de serviços, embora eles sigam dentro do esperado pelo BC no processo de convergência da inflação.
“A gente tem olhado muito essa parte de serviços que são intensivos em trabalho, porque isso é uma coisa que tem dificuldade, tem menos oscilação, e é importante que caia, porque a gente tem uma meta [de inflação] que a gente precisa atingir”, afirmou ele.
Campos Neto voltou a dizer que a manutenção da meta de inflação pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para os próximos anos ajudou no processo de convergência das expectativas de alta dos preços, e disse que, embora a taxa básica de juros Selic siga em patamar elevado em comparação com países desenvolvidos e emergentes, está um pouco mais próxima da média mundial do que esteve no passado.
A Selic está atualmente em 11,25%, após cinco cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual pelo BC. Sobre a economia, Campos Neto disse que o BC espera um primeiro trimestre “um pouquinho melhor”, e ressaltou as várias surpresas positivas no crescimento da atividade, vistas principalmente ao longo de 2023.
Segundo o presidente do BC, o desempenho melhor do que o esperado do PIB (Produto Interno Bruto) pode ser explicado por reformas estruturais promovidas nos últimos anos e melhora no PIB potencial.
Fonte: O Sul