Um estudo divulgado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi-RS) traz dados alarmantes sobre a situação educacional no Rio Grande do Sul. Segundo esse estudo intitulado “Apagão de professores: uma análise dos impactos da oferta de docentes no RS,” divulgado nesta terça-feira (10), é estimado que o estado enfrentará um déficit de 10 mil professores na Educação Básica até o ano de 2040.
Essa análise foi conduzida pelo Observatório Sesi da Educação, pertencente ao Instituto Sesi de Formação de Professores. Seu principal objetivo é projetar a demanda futura por professores e identificar os fatores que poderão influenciar a disponibilidade desses profissionais.
Para chegar a essa conclusão, o estudo se baseou em dados de referência do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2018 e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) de 2023. Segundo essas fontes, o Rio Grande do Sul apresenta uma média de 20 alunos por professor na Educação Básica. Com base nesse número, especialistas consideraram a projeção de redução na população com idades entre quatro e 18 anos, chegando à previsão de que, em 2040, o estado terá 83.783 professores em atividade, enquanto serão necessários 94.137 docentes. Portanto, estima-se um déficit alarmante de 10.354 professores de acordo com o Observatório Sesi da Educação.
Além disso, o estudo também aborda a queda no interesse pela licenciatura no Rio Grande do Sul. Entre 2010 e 2021, houve uma redução significativa no número de estudantes ingressantes (-59,91%), nas matrículas (-48,37%) e nos formados (-59,25%) em cursos de licenciatura. Mesmo considerando a influência da pandemia, os pesquisadores ressaltam que essa tendência de redução já estava ocorrendo antes da crise sanitária.
A oferta de cursos de licenciatura no estado também foi afetada, e os pesquisadores destacam que isso impacta diretamente na disponibilidade de vagas e, por consequência, no número de estudantes ingressantes. A oferta de cursos de licenciatura em instituições de Ensino Superior privadas sofreu a maior queda, com uma redução de 48,3% entre 2010 e 2021.
Além do déficit quantitativo, a pesquisa também destaca a “escassez oculta” de professores, considerando não apenas números absolutos, mas a inadequação de profissionais capacitados em áreas específicas. No Ensino Fundamental, por exemplo, foi identificado que cerca de 25% dos professores que atuam na área de Matemática não possuem a formação adequada. Em Geografia, esse índice sobe para 45% nos anos finais e 32% nos anos iniciais.
No Ensino Médio, a situação é ainda mais preocupante, com quatro em cada cinco professores de Sociologia sem a formação adequada e mais da metade dos docentes de Física não possuindo licenciatura na área.
Por fim, os dados de 2021 da Relação Anual de Informações Sociais revelam que o salário médio de um professor no estado é de R$ 4.024. No entanto, quando se compara com profissionais da mesma área que não atuam como docentes, fica evidente uma disparidade, com os salários médios dos profissionais das áreas exatas, como físicos, químicos e matemáticos, sendo 67% maiores em comparação com a média salarial dos docentes no Rio Grande do Sul, conforme aponta o estudo.
Fonte: GZH