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Focados na humanização e cuidado do ser humano, a Rede de Farmácias São João promove ciclo de palestras

A palestra desta semana foi sobre Violência contra Crianças e Adolescentes e como é necessário quebrar ciclos, mudar consciência e hábitos, além de denunciar casos

por Jéssica Gomes
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Mais uma vez, o auditório do Centro de Operações de Passo Fundo ficou lotado. Cerca de 700 colaboradores pararam o trabalho para receber mais uma palestra educativa. O Juiz de Direito Dr. Luciano Bertolazi Gauer e a Promotora de Justiça da 3° Vara Criminal de Passo Fundo/RS Dra. Clarissa Ammélia Simões Machado abordaram os vários tipos de violência, especialmente contra crianças e adolescentes.

“Nós, mulheres, sempre fomos tratadas como objeto e não como sujeitos de direito. Não vamos esquecer que houve até ‘cinto de castidade’ na história da humanidade e que até há pouco tempo a mulher não podia votar. É como se saíssemos agora numa corrida onde estamos no ponto de largada, mas os homens estão quilômetros à frente. As leis já existiam até para proteger animais, mas não havia para proteger uma criança. Agora, evoluímos para proteger todos que se encontrarem em situação vulnerável”, afirma a Promotora de Justiça.

A Dra. Clarissa Simões Machado falou sobre o histórico de violência encontrado em muitas famílias e ressaltou o quanto nenhum tipo de violência pode ser considerado normal. Quem passou por esses abusos no ambiente familiar pode crescer pensando que a violência é normal, mas não é. A Promotora contou que os principais casos de violência sexual são feitas por pai, padrasto, tio e avô. E não se pode considerar apenas o termo “abuso sexual”, mas também a “ofensa sexual”. “Quando digo ofensa sexual é porque a criança começa a receber aproximação, com ‘carinhos’, por pessoas que são muito sedutoras e não aparentam maldade, psicopatas mesmo, e a criança, ingênua, não sabe ainda do que se trata exatamente, não sabe o crime que está ocorrendo. É preciso denunciar para o caso não ficar ainda pior”, explica a doutora. “Desde uma ’passada de mão’, a lei garante penas entre 8 e 15 anos em regime fechado, e há casos bem mais pesados”, reforça o juiz.

As vítimas, normalmente, só entendem a ofensa sexual, quando percebem que havia conotação sexual, por volta de 12, 13 anos de idade, e é quando demonstra mais sinais. Além de se mostrar travada, muitos até se cortam, dando sinais de que passaram por abusos. Nós, como sociedade, precisamos observar o que ocorre ao nosso redor para proteger nossas crianças e denunciar.

“A verdade liberta, a mentira escraviza”

A Lei Maria da Penha protege nos casos de Violência contra a Mulher e a Lei Henry Borel protege a criança e o adolescente da Violência Doméstica e Familiar. O Estatuto da Criança e do Adolescente surgiu como a maior rede de proteção legal que existe. Tudo criado para proteger.

“É um dever para nós, como empresários, fazer parte dessa mudança de consciência, levando informação para as pessoas. A empresa também deve ser educadora, isso também é humanização, interromper ciclos de todos os tipos de violência nas famílias”, aponta o Presidente das Farmácias São João, Pedro Brair.

A violência não pode ser normalizada

“Há muita conscientização a ser feita para evoluirmos. As prisões necessárias precisam ser feitas a todos que põem a sociedade em risco, mas precisamos também mudar toda uma consciência. Não é possível aceitar como normal nenhum tipo de violência. Não se bate em criança, não se aceita nenhuma violência como normal”, reforça o Juiz Luciano Bertolazi Gauer.

Quando se fala de proteção, é inclusive das ‘palmadas’ – porque a violência não pode ser normalizada. Qualquer criança que cresce acreditando que isso é normal será afetada na vida adulta e costuma passar novamente por novos abusos ou repetir os mesmos erros que cometeram com ela. É necessário quebrar esses “ciclos” de violência pedindo ajuda.

Por isso, é importante inclusive alimentar a espiritualidade na sociedade, seja qual for. “É normal ter raiva, até ter vontade de bater em alguém. Mas não fizemos isso. Não batemos. Por que achar que é normal fazer isso com uma criança? Por que ela não pode revidar? Isso é terrível. Hoje temos essa consciência dos erros que eram cometidos no passado”, comenta a Promotora.

Como agir em caso de suspeita de algum tipo de violência

  1. Não duvidar.
  2. Fazer boletim de ocorrência.
  3. Não ficar perguntando mais nada. Muitas pessoas acham que sabem resolver, mas não sabem. É importante deixar um profissional conduzir a situação para não fazer a criança até ampliar as memórias negativas.

“A nossa memória tende a preencher informações. Não fiquem perguntando, nem para a criança, nem para adolescentes. Perguntas erradas podem até fazer a memória criar novos problemas. Quanto mais se pergunta, mais dano se faz. Deixa a vítima ser ouvida por profissional competente, a psicóloga do Tribunal. A proposta é oferecer através do acolhimento psicológico e a correta conduta, um ambiente seguro para a criança de um jeito que a justiça seja feita sem ampliar memórias que já são tão ruins”, reforça o Juiz.

Farmácia São João é amiga da criança

  1. Ensine seus filhos que “o corpo deles é deles”. Ensine que ninguém toca no corpo de criança, só se necessário para higiene quando for muito pequena ou se o médico precisar avaliar;
  2. Ensine também que não é para tomar banho com adulto nem dormir junto. Ensine essa independência para seu filho, da importância de aprender a dormir sozinho;
  3. Cuidado em deixar o filho com qualquer pessoa, na casa de alguém que você não conhece, pois não se sabe quem estará próximo. E se a criança não gosta de ir em um lugar, respeite. Pode ser sinal de que houve algum tipo de abuso;
  4. O amor é o que todas as crianças precisam receber.

“Uma coisa é a criança te ouvir e obedecer porque ela te admira e ama e quer ser como você quando crescer. Outra, é a criança obedecer porque tem medo. Isso pode virar algo muito ruim”, reforça a Dra. Clarissa.

Onde denunciar

  • Disque 100: Violação de direitos humanos – A denúncia é anônima e pode ser feita por qualquer pessoa.
  • Disque 180: Violação contra mulheres e meninas.
  • Disque 190: Polícia Militar – quando a criança está correndo risco imediato

Esta foi mais uma palestra de conscientização promovida pela Rede de Farmácias São João para os seus colaboradores. Constantemente, as equipes recebem palestras e treinamentos com temas como saúde, como cuidar do seu corpo e da sua mente, espiritualidade, liderança, relacionamentos interpessoais, entre outros. Todas as manhãs, é feita a leitura do devocional “Café com Deus Pai” na rádio interna da empresa, a qual ouvem cerca de 3 mil colaboradores dos CDs de Passo Fundo e Gravataí. Cada dia, um colaborador lê a mensagem. A proposta é que, ao receber todas essas informações, os colaboradores multipliquem entre seus conhecidos e amigos e tragam um impacto positivo na comunidade.

Fonte: Ascom São João

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