O Rio Grande do Sul tem apresentado aumento nas internações por Covid-19 nas últimas semanas. Foram registradas 64 hospitalizações por complicações respiratórias em virtude da doença entre os dias 8 e 14 de outubro, ao passo que haviam sido apenas 14 no período de 20 a 26 de agosto.
Com relação às possíveis causas desse aumento, a chefe substituta da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Letícia Martins, ressalta que o coronavírus já pode ser considerado endêmico. “Isso quer dizer que ele irá circular com picos em determinados momentos do ano, assim como o vírus da gripe influenza”, explica. “Além disso, a cobertura da bivalente é baixa nos maiores de 18 anos, sendo ela a vacina com composição mais próxima genomicamente das variantes que circulam atualmente”, complementa.
Também foi registrado um aumento da proporção de internações de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) por Covid-19 em relação à síndrome associada a outras causas. Enquanto na semana de 20 a 28 de agosto o coronavírus representava 6% das internações por esse agravo, na semana de 8 a 14 de outubro, esse índice passou a 26%.
São outras causas de SRAG: infecções causadas pelo vírus da gripe influenza, pelo vírus sincicial respiratório (VSR) entre outros agentes virais. Há também SRAGs não especificadas, ou seja, aquelas para as quais não se identificou vírus respiratório.
Fatores de risco para óbito
Com o aumento das internações, consequentemente aumentaram os óbitos, mesmo que em proporções bem inferiores. Nas últimas três semanas ocorreram 18 óbitos por Covid-19 no Estado. Desses, 16 em maiores de 60 anos. Os outros dois óbitos foram de pessoas que apresentavam comorbidade.
“Ou seja, 100% dos últimos óbitos ocorreram em pessoas com algum fator de risco, seja a idade ou presença de comorbidade. Isso reforça a importância de que esses dois grupos tomem a vacina”, afirma Letícia. Ela ressalta que 12 dos indivíduos que morreram possuíam três, ou menos, doses de vacina.
Vigilância genômica
O Cevs segue com o monitoramento das variantes do coronavírus em circulação no Estado. As análises demonstram a continuidade da presença de diferentes sublinhagens da variante Ômicron e, entre essas, já houve detecção pontual (um caso até o momento) da sublinhagem EG5.1, chamada de Éris.
Vacinação
As crianças ainda apresentam baixo percentual de vacinação contra o coronavírus no Rio Grande do Sul. São apenas 36% das cerca de 1,6 milhão de crianças acima dos 6 meses até os 11 anos idade vacinadas com duas doses. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, esse percentual é de 82%.
Na população de 18 anos ou mais, o índice também é considerado baixo. Até o momento, já foram aplicadas cerca de 1,6 milhão de doses da vacina bivalente, o que representa cerca de 18% do público da faixa etária. Para os que já tomara a vacina bivalente ainda não há perspectiva de nova dose.
Há uma estimativa de que a vacinação será seletiva em 2024, ou seja, para grupos prioritários, conforme exposição e risco para evoluir com gravidade (internações e óbitos), assim como acontece na vacinação anual contra a gripe influenza. Esse protocolo ainda depende de definição do Ministério da Saúde.