O mundo precisa mobilizar pelo menos 2,4 trilhões de dólares para manter as metas globais de mudança climática dentro do alcance, disse o chefe da Organização das Nações Unidas para o clima em um discurso nesta sexta-feira.
Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, dirigiu-se a um grupo de estudantes na Academia Diplomática do Azerbaijão em Baku, anfitriã da cúpula climática COP29 em novembro, expondo as medidas que precisam ser tomadas este ano para transformar em realidade os compromissos assumidos na cúpula do ano passado em Dubai.
Esse foi o primeiro grande discurso de Stiell desde a reunião da ONU em Dubai, onde quase 200 países concordaram em iniciar uma transição para longe dos combustíveis fósseis para evitar os piores impactos das mudanças climáticas.
“Está claro que, para realizar essa transição, precisamos de dinheiro, e muito dinheiro, 2,4 trilhões de dólares, se não mais”, excluindo a China, disse Stiell, citando um relatório divulgado em dezembro pelo Grupo de Especialistas de Alto Nível em Finanças Climáticas.
O financiamento climático será o foco principal das negociações no Azerbaijão, onde os governos terão a tarefa de definir uma nova meta pós-2025 para arrecadar dinheiro para apoiar os esforços dos países em desenvolvimento para reduzir emissões e se adaptar aos impactos cada vez piores das mudanças climáticas.
A definição de uma nova meta financeira será um desafio, uma vez que os países só cumpriram no ano passado a meta estabelecida em 2009 de mobilizar 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático até 2020.
“Já é extremamente óbvio que o financiamento é o fator decisivo na luta mundial contra as mudanças climáticas”, disse ele, acrescentando que, sem mais financiamento, as vitórias obtidas na cúpula da COP28 em Dubai não serão alcançadas.
Stiell disse que o ano deve ser dedicado a garantir que o sistema financeiro global e os bancos multilaterais possam cumprir a tarefa de aumentar o financiamento climático, e pediu aos bancos que triplicassem o valor dos subsídios climáticos e do financiamento concessional até 2030 e triplicassem a taxa de capital privado que mobilizam.
De forma mais ampla, ele advertiu contra comemorar precocemente após o acordo dos Emirados Árabes Unidos, dizendo que o acordo político alcançado em Dubai permite que os países se escondam atrás de “brechas”.
“As medidas que tomarmos nos próximos dois anos determinarão a quantidade de destruição causada pelo clima que poderemos evitar nas próximas duas décadas e muito além”, disse ele.