O número de óbitos decorrentes das inundações na cidade de Derna, na Líbia, alcançou 11.300 nesta quinta-feira, 14 de setembro, representando mais do que o dobro dos 5.300 registros de mortes previamente contabilizados em todas as áreas afetadas pelas chuvas até o momento. A informação foi divulgada pela organização Crescente Vermelho, uma versão da Cruz Vermelha voltada para nações islâmicas, à agência de notícias Associated Press. Além disso, a organização relatou que 10.100 indivíduos continuam desaparecidos na região.
Anteriormente, o chefe da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas, havia declarado que essas tragédias poderiam ter sido evitadas se a situação política no país fosse diferente. A nação do Norte da África permanece dividida entre governos no leste e oeste, sendo o governo do oeste reconhecido pela comunidade global e com sede na capital, Trípoli, como resultado de conflitos e levantes que se arrastam desde 2011.
Taalas destacou que o sistema governamental na Líbia está longe de funcionar normalmente, o que impediu medidas preventivas antes da catástrofe e atualmente dificulta os esforços de resgate. Ele enfatizou que a ausência de sistemas de alerta eficazes contribuiu para que os moradores não fossem evacuados a tempo das enchentes. Se tais sistemas estivessem operantes, as autoridades de emergência teriam tido a oportunidade de conduzir a evacuação da população.
Derna foi a cidade mais severamente afetada pela passagem da tempestade tropical Daniel pelo território. No domingo, dia 10, o colapso de duas barragens resultou em uma súbita inundação de água e lama que surpreendeu os habitantes, muitos dos quais estavam dormindo na ocasião. Testemunhas compararam as inundações a um tsunami, com residências, veículos e pontes sendo arrastados em direção ao mar.
Taalas mencionou que a OMM já havia se comunicado com as autoridades líbias com o objetivo de auxiliar na reforma do sistema meteorológico do país, mas encontrou dificuldades devido a ameaças à segurança. Ele explicou que parte da rede de observação meteorológica do país foi destruída durante os conflitos internos que assolam a nação desde 2011, quando um levante na esteira da Primavera Árabe, apoiado pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), resultou na morte do ditador Muammar Gaddafi.