A sucessão rural, ou melhor, a continuidade rural foi um dos temas do 2º AgroAsk Cotrijal Rehagro, realizado no Auditório da Produção Animal, nesta quinta-feira (7), durante a 24ª Expodireto Cotrijal. O painel foi marcado pela explanação da produtora de leite Larissa Zambiasi, 25 anos, que destacou os desafios e caminhos da mudança de geração na propriedade de sua família.
“Não estamos mais falando de sucessão porque dá a entender para os pais que eles vão falecer semana que vem e os filhos vão substituí-los. Mudamos o termo para continuidade, pois passa a ideia que alguém vai continuar no lugar deles e fazer com que o negócio perpetue através dos anos. Na prática, não muda nada, mas quando a gente fala em continuidade os pais e as gerações anteriores aceitam muito melhor”, explica Larissa.
A Agropecuária Zambiasi está em atividade desde 1994, no município de Coqueiros do Sul, e hoje conta com 150 animais, sendo 60 em lactação. Por mês, são produzidos mais de 50 mil litros de leite. O processo sucessório na propriedade teve início em 2017.
“Estamos fazendo uma gestão compartilhada. Os pais vão ter sempre aquele vínculo de família que ultrapassa o profissional. Logo, temos que ter aquele jogo de cintura para continuar trabalhando em conjunto na mesma organização”, comenta Larissa.
Tecnóloga em Gestão de Cooperativa e mestre em Desenvolvimento Rural, Larissa implantou na propriedade um planejamento estratégico que inclui propósito, objetivos e metas; reuniões familiares onde são tomadas decisões compartilhadas; folgas e férias; e remuneração salarial.
FUTURO
O segundo painelista do AgroAsk foi o gerente de Marketing da Cotrijal, Benisio Rodrigues, que também atua como gestor do Supernova, programa que este ano chegará em sua quarta edição e que busca promover o desenvolvimento dos jovens rurais ligados ao quadro social da Cotrijal, estimulando o interesse na continuidade familiar.
Benisio destacou que não é por acaso que o slogan escolhido para a feira este ano é “Lugar de quem planta o futuro”. “O futuro já está acontecendo e não podemos ser passivos. Temos que ser atores de construção”, destacou.
“Apesar de estarmos em um sistema orientado pelo capital e em que, aparentemente, só o que interessa é a maior produtividade e rentabilidade, aumento do plantel ou de área plantada, esta não deve ser a perspectiva preponderante. Na construção desse futuro é que precisamos ser contributivos enquanto cooperativa”, disse Benisio.
Opinião semelhante possui a advogada Vanessa Napp, gerente em Gestão Empresarial e Familiar Rehagro. Ela afirma que a discussão precisa ser incentivada.
“O tema é um tabu porque o assunto da sucessão não é confortável, nem para os pais, nem para os filhos. Eles nunca param para conversar sobre isso dentro de casa. Então, é importante que o tema surja em eventos, como aqui na Expodireto, ou em alguma palestra porque vai criando aquela primeira impressão que irá resultar em um senso de importância sobre começar a pensar e a conversar sobre o assunto”, explica Vanessa.
A especialista comenta que o produtor rural, geralmente, mesmo se aposentando, não para de trabalhar, possuindo grande dificuldade para se desvincular do negócio porque essa é a forma como ele é reconhecido pela própria família e pela sociedade.
“Falar de sucessão pensando em passar poderes de gestão para os filhos, às vezes, é uma dificuldade. O caminho é entender que não é apenas se afastar ou sair do negócio, mas programar como o empreendimento terá continuidade. É preciso observar como essa próxima geração está se preparando e qual é o apoio que eles necessitam para que seja, realmente, um processo de continuidade e não uma substituição de uma geração por outra”, afirma Vanessa.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Expodireto Cotrijal