Segundo o relatório Education at a Glance (Olhar sobre a educação), divulgado recentemente, o Brasil ocupa a segunda posição entre os países da esfera da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a maior proporção de jovens, com idade entre 18 e 24 anos, que não estão empregados e nem continuam seus estudos, conhecidos como “nem-nem”.
De acordo com o documento, 35,9% dos jovens brasileiros encontram-se nessa situação, um índice que é o dobro da média dos países membros da OCDE, que é de 16,6%. O Brasil é considerado um membro em potencial da OCDE, embora ainda não faça parte oficialmente, e fica atrás apenas da África do Sul, que apresenta uma proporção ainda maior de jovens nessa condição, com 46,2%. Esse relatório tem como objetivo auxiliar na revisão e definição de políticas voltadas para a educação, buscando enfrentar esse desafio e proporcionar oportunidades para esses jovens.
Segundo o estudo, Brasil, Grécia, Itália e África do Sul apresentam a maior proporção de jovens que enfrentam o desafio do desemprego de longa duração. Cerca de 5% ou mais dos jovens com idades entre 18 e 24 anos nesses países estavam sem emprego e sem estudar por pelo menos 12 meses durante o primeiro trimestre de 2021. Essa situação os coloca em um alto risco de ficarem desconectados do mercado de trabalho a longo prazo.
Conforme apontado no relatório, em todos os países analisados, a conclusão do ensino superior está associada a mais oportunidades de emprego e salários melhores. No entanto, o cenário no Brasil, com um alto índice de jovens desempregados e sem acesso à educação, torna a entrada do país na OCDE inviável, segundo o cientista político e diretor da Royal Politics, Rócio Barreto.
Para o Brasil aspirar à adesão ao grupo de países desenvolvidos, é necessário alcançar um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) satisfatório, assim como proporcionar uma melhor distribuição de renda, oferta de empregos e acesso a estudos para os jovens interessados em se preparar, algo que difere da situação atual no país.
O relatório também destaca que, no Brasil, apenas 33% dos estudantes que ingressam no ensino superior conseguem concluir seus cursos dentro do prazo estabelecido. Quase metade, ou seja, 49% dos alunos, só conclui a graduação após um período de três anos após o prazo inicialmente previsto. Esses números refletem desafios significativos na área da educação e evidenciam a importância de políticas que incentivem e garantam a conclusão do ensino superior de forma mais efetiva.