O dólar alcançou a marca histórica de R$ 6 nesta quinta-feira (28), refletindo a reação do mercado financeiro ao pacote de ajuste fiscal detalhado pelo governo federal e à proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. O patamar foi registrado às 11h20 e, às 13h22, a moeda norte-americana estava cotada a R$ 6,000, em alta de 1,46%. Paralelamente, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, recuava 1,36%, aos 125.922 pontos. Na quarta-feira, o dólar já havia alcançado R$ 5,913, o maior valor nominal desde 1994, quando o real entrou em circulação. A alta da moeda é atribuída à cautela dos investidores diante das novas medidas econômicas, que buscam equilibrar as contas públicas, mas também incluem ações que podem comprometer a arrecadação.
O pacote de ajuste, anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prevê uma economia de R$ 70 bilhões até 2026 e inclui cortes em despesas como a limitação do ganho real do salário mínimo, revisão do abono salarial e mudanças nas regras de aposentadorias militares. Apesar disso, a proposta de isenção do IR, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, gerou incerteza no mercado, com previsão de impacto de R$ 35 bilhões na arrecadação federal.
Segundo Haddad, a compensação virá com a criação de uma alíquota mínima de 10% para rendimentos superiores a R$ 50 mil por mês, medida que integra a chamada “taxação dos super-ricos”. No entanto, analistas apontam que o anúncio da isenção enfraquece a percepção de comprometimento com o ajuste fiscal. Especialistas destacaram que a proposta de isenção, embora popular, pode ser vista como um movimento político diante da perda de apoio após as eleições municipais e outros eventos recentes. Economistas também alertam para o risco de comprometimento do equilíbrio fiscal no médio prazo.
Com o dólar em alta e a Bolsa em queda, o mercado financeiro aguarda a tramitação das medidas no Congresso Nacional, que incluem uma PEC e um projeto de lei complementar, com expectativa de aprovação até o final deste ano. A proposta busca reafirmar o compromisso do governo com a sustentabilidade das contas públicas, mas enfrenta críticas quanto à sua viabilidade econômica.
Fonte: Jovem Pan