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Inovação e acolhimento aproxima público de bibliotecas

Entrevista especial com bibliotecário municipal celebra o Dia Mundial das Bibliotecas, comemorado em 1º de julho

por Tainá Binelo
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Engana-se quem acredita que elas estão cada dia mais vazias. Em uma era repleta de tecnologias que inovam-se diariamente, as bibliotecas buscam, também, formas de seguirem como parte do cotidiano da população brasileira de todas as faixas etárias. No Dia Mundial das Bibliotecas, celebrado na segunda-feira, 1º de julho, o Grupo Ceres de Comunicação visitou a Biblioteca Municipal Professor Benjamin Perin, e conversou com o bibliotecário Paulo Alfonso Peiker sobre a rotina do local. Confira: 

Grupo Ceres: Paulo, nesta data especialmente eu quero que tu conte um pouquinho sobre como é a realidade da nossa biblioteca aqui em Não-Me-Toque.

Paulo Alfonso: É interessante. Eu ouço muito essa pergunta com as pessoas que já vem com expectativa de que o número de leitores diminuiu, que são só pessoas mais velhas que frequentam a biblioteca, coisa do tipo. Mas, o irônico é que justamente nos últimos anos nós temos visto um aumento na procura pelo setor. O público que mais frequenta a biblioteca é o jovem, crianças, adolescentes, jovens adultos e quase sempre buscando leituras por prazer, nada que foi solicitado por professores, coisa do tipo. Então a gente tem visto um incremento, por exemplo, entre o primeiro semestre do ano passado, de janeiro ao final de junho, e o primeiro semestre deste ano, houve um aumento na casa de 30% na circulação de materiais da biblioteca. 

Grupo Ceres: E quais seriam esses materiais mais retirados, Paulo? 

Paulo Alfonso: São sempre os livros de literatura, na grande maioria das vezes. A gente tem um acervo aqui de literatura infantil, os livros estão até subdivididos na base de sugestão mesmo, para faixas etárias até os 9 anos. Nós temos literatura infantil a juvenil, pensando no público que está fazendo a transição, na adolescência, já mudando o que está se lendo e tudo mais, e a literatura adulta mesmo, tanto em língua portuguesa como na língua estrangeira. Aqui a gente nota que tem uma saída maior da literatura estrangeira, mas também tem algumas questões que estamos tentando melhorar o acervo que nós temos de literatura brasileira, especialmente a contemporânea, que eu ainda sinto que ela tá um pouquinho deficitária, que a gente não consegue oferecer o que tem de melhor, mas estamos tentando sanar isso pra melhorar o atendimento ao público. 

Grupo Ceres: Paulo, a nossa biblioteca aqui é além de um ponto de retirada, né? Aqui também acontecem outros eventos, acontecem outros encontros, como inclusive de RPG. 

Paulo Alfonso: Isso. Uma coisa que se percebe hoje em dia é que, assim, a biblioteca não é só, entre aspas, uma locadora de livros, né? Ela não pode ficar parada no tempo. A ideia é justamente que seja um espaço de construção de conhecimento, de desenvolvimento de criatividade. Então, nós temos algumas atividades que buscam desenvolver isso e atrair pessoas para que haja esse engajamento com atividades culturais em geral, não só com um ato isolado e solitário da leitura. Que, obviamente, é importante. Então, por exemplo, nós temos algumas atividades que são voltadas à mediação da leitura, como o Clube do Livro, e também algumas outras que envolvem literatura, que é leitura, criatividade, cooperação, que é a questão do RPG. Então, nós temos já dois grupos que se reúnem em alguns fins de semana aqui, conforme disponibilidade calendário de todo mundo, para que possam, justamente, ter um espaço que seja receptivo, muito agradável, onde eles possam desenvolver várias habilidades de uma maneira prazerosa.

Grupo Ceres: Conta para a gente também qual a importância dessa conexão de toda a comunidade, não só os jovens, com o ambiente da biblioteca e também com a leitura? 

Paulo Alfonso: Eu acho que isso é fundamental para desenvolver uma série de competências no indivíduo. Primeiro, questões educacionais formais mesmo, culturais, que isso vai se refletir, por exemplo, na capacidade de produzir um texto, de conseguir se expressar, mas eu acho que isso também vai muito além, vai na capacidade também de desenvolver empatia, de conseguir se colocar no lugar do outro, de ouvir o outro, de trabalhar em conjunto, e de desenvolver uma sociedade mais tolerante, onde que é possível entender as diferenças, a diversidade e se construir uma comunidade que consegue somar essas diferenças em vez de ficar numa beligerância de não só a minha opinião que está certa, coisas do tipo, sabe? Eu acho que até mesmo no bem-estar, na satisfação que a pessoa tem com a vida, né? Consegue ampliar o horizonte de possibilidades dela, isso permite que ela consiga realizar os sonhos dela pessoais, profissionais, mesmo de hobbies.

Grupo Ceres: E hoje a nossa biblioteca conta com quantos exemplares, sabe me dizer? 

Paulo Alfonso: Continua aquele longo trabalho de cadastramento do acervo, iniciado em 2020, que permite justamente toda a informatização do material, consulta remota ao acervo. Em sistema já são cerca de 5 mil livros cadastrados, mas o acervo total já tem cerca de 16 mil, um pouco mais. O valor, justamente, eu não consigo precisar por ele não estar totalmente informatizado que não permite tirar relatório sobre isso, sabe? Mas para o tamanho do município nós temos uma biblioteca bem estruturada assim, em diversidade e em quantidade de materiais para o público. 

Grupo Ceres: E esses livros, além de estarem aqui, contribuindo para a nossa sociedade, eles também agora vão ganhar um destino ainda melhor, isso? 

Paulo Alfonso: Isso aí! Buscamos também fazer a informação alcançar quem está mais precisando, não importa a localização geográfica. Algumas semanas atrás, conforme a gente tinha até feito uma postagem nas redes sociais da biblioteca, nós fizemos algumas doações de livros infantis para bibliotecas que haviam sido atingidas por enchentes, nesse caso foi para o município de Muçum, para as bibliotecas escolares de lá. E agora nós já temos mais algumas caixas que vão ser doadas para a biblioteca municipal de Arroio do Meio, que perdeu todo o acervo também. Então foram selecionadas duplicatas, livros que a população de casa não precisa se preocupar que aqui também não vamos estar abrindo mão de nada. Mas, essas duplicatas que estão em bom estado e são de qualidade, vão poder ajudar na reconstrução da biblioteca pública de lá e ajudar a população de lá que já perdeu muito. 

A Biblioteca Municipal Professor Benjamin Perin fica localizada junto à Secretaria de Desenvolvimento, na Av. Dr. Waldomiro Graeff, 1704, e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h42 às 12h30 e das 13h30 às 17h30. 

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