Cerca de 20 milhões de anos atrás, em uma galáxia não tão distante, uma grande estrela explodiu e enviou elementos que representam os blocos de construção da vida correndo pelo espaço.
Há cerca de um ano, por acaso, quando a luz que ela emitiu alcançou a Terra, uma equipe de cientistas em Israel a observou e, pela primeira vez, coletou dados sobre as primeiras etapas de tal explosão, conhecida como supernova.
A imagem que estão montando oferece uma visão detalhada das origens de elementos cruciais ao nosso redor, como o cálcio em nossos dentes e o ferro em nosso sangue.
“Na verdade, estamos vendo a fornalha cósmica na qual os elementos pesados são formados, enquanto estão sendo formados. Estamos observando isso conforme acontece. Esta é realmente uma oportunidade única”, disse o astrofísico do Instituto Weizmann de Ciência, Avishay Gal-Yam.
As descobertas, publicadas nesta quarta-feira (27) na revista Nature, também indicam que a estrela gigante, localizada em uma galáxia vizinha chamada Messier 101, provavelmente deixou para trás um buraco negro após explodir.
Um astrônomo amador que estava observando essa galáxia acidentalmente alertou os pesquisadores de que algo parecia estar ocorrendo. Eles rapidamente direcionaram seus telescópios terrestres para a estrela e começaram a documentar as primeiras etapas da explosão, que ganhou o nome de supernova 2023ixf.
A equipe, que incluía o estudante de doutorado e autor principal do estudo, Erez Zimmerman, contatou a Nasa (agência espacial dos Estados Unidos), que alterou seu cronograma e direcionou o telescópio espacial Hubble para a supernova. Isso permitiu a observação inicial da luz ultravioleta da explosão, que é bloqueada pela atmosfera e não é detectada na Terra.
Junto com o rastreamento de elementos como carbono, nitrogênio e oxigênio lançados no espaço, os dados ultravioleta mostraram uma discrepância entre a massa inicial da estrela e a massa que ela ejetou para o espaço durante a explosão.
“Suspeitamos que após a explosão tenha restado um buraco negro – um buraco negro recém-formado que não estava lá antes. É o remanescente da explosão. Um pouco da massa da estrela colapsou para o centro e criou um novo buraco negro”, disse Gal-Yam.
Buracos negros são objetos extraordinariamente densos com uma gravidade tão forte que nem mesmo a luz pode escapar.
Tendo criado uma espécie de impressão digital da supernova do início ao fim, Gal-Yam disse que isso poderia ajudar os cientistas a identificar supernovas iminentes em outros lugares.
“Talvez possamos ser capazes, nos próximos anos, de dizer, não para todas as estrelas, mas talvez para algumas delas, esta estrela nós pensamos, suspeitamos, vai explodir”, acrescentou Gal-Yam. “Isso será fantástico, e então saberemos estar lá e preparados.”