Santiago Peña, o presidente do Paraguai, anunciou que não liderará as negociações do acordo de livre comércio com a União Europeia (UE) após 6 de dezembro, quando o Paraguai assumirá a presidência rotativa do Mercosul, atualmente ocupada pelo Brasil.
Peña comunicou a Lula, o presidente brasileiro, que se as negociações não forem concluídas até então, ele não as continuará durante seu mandato de seis meses. Ele fez essa declaração durante uma coletiva de imprensa em Assunção na segunda-feira, 25 de setembro.
Ele também mencionou que a cúpula do Mercosul, composta por Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, ocorrerá em 6 de dezembro. Nesse dia, o Brasil passará a presidência rotativa do bloco para o Paraguai.
Durante seu mandato, Peña planeja se concentrar em fazer acordos com outras regiões do mundo e expressou confiança em chegar a um acordo rapidamente. Ele citou a possibilidade de explorar acordos com Singapura e os Emirados Árabes Unidos.
O Mercosul e a UE concordaram com um texto do acordo em 2019, mas a conclusão tem sido adiada devido ao surgimento de novas demandas. A UE apresentou novas exigências ambientais em uma carta enviada em março, pedindo a inclusão de mais compromissos ambientais e sanções por descumprimento. Esta carta não foi bem recebida em Brasília.
Além disso, a UE aprovou uma lei antidesmatamento em abril que proíbe a importação de produtos de áreas desmatadas após dezembro de 2020. Lula argumentou que isso tem “efeitos extraterritoriais que modificam o equilíbrio do acordo”.
Lula também se opõe a um aspecto do acordo sobre compras governamentais, que permitiria que empresas europeias participassem de licitações públicas nos países do Mercosul em igualdade de condições com as empresas locais. Ele acredita que isso prejudicaria as pequenas e médias empresas no Brasil.
Em resposta à carta da UE, o Mercosul enviou sua resposta no dia 13 deste mês, e os negociadores de ambos os blocos continuam buscando um entendimento.