As tatuagens representam uma das formas de expressão artística mais antigas, com registros que datam de milhares de anos e sendo praticadas por diversas culturas ao longo da história da humanidade.
Atualmente, há uma perspectiva promissora que aponta para a próxima geração de tatuagens, que irá além da mera estética e contribuirá para o monitoramento da nossa saúde. Pesquisadores têm explorado a possibilidade de desenvolver pigmentos de “tatuagens inteligentes” que poderão ser inseridos sob a pele, permitindo monitorar biomarcadores específicos no corpo humano.
Esse campo emergente requer uma colaboração sinérgica entre cientistas, engenheiros e designers. O Dr. Ali Yetisen, pesquisador do Departamento de Engenharia Química do Imperial College de Londres, ressalta a importância dessa abordagem interdisciplinar para viabilizar essa tecnologia inovadora.
Assim, as tatuagens, que já são um meio de expressão e identificação cultural, poderão evoluir para desempenhar um papel significativo na manutenção e controle da nossa saúde, tornando-se uma ferramenta valiosa no monitoramento de biomarcadores e possibilitando novas formas de cuidado e prevenção médica.
O conceito das “tatuagens inteligentes” desenvolvido pelo Dr. Ali Yetisen e sua equipe substitui a tinta tradicional das tatuagens por “materiais funcionais”. Essas tatuagens são capazes de mudar de cor em resposta a estímulos externos, como variações nos níveis de açúcar no sangue, sendo especialmente úteis para pessoas com diabetes. Além disso, elas podem monitorar funções renais, hepáticas ou até mesmo alertar sobre desidratação.
O trabalho do Dr. Yetisen teve início durante seu período como cientista pesquisador de pós-doutorado na Harvard Medical School. Em parceria com outros pesquisadores de Harvard e do MIT, eles apresentaram uma prova de conceito chamada “Dermal Abyss” em 2017. Nessa prova, quatro biossensores incorporados na tatuagem mudaram de cor em resposta a três informações bioquímicas presentes no fluido corporal, como níveis de glicose e pH, como divulgado pelo MIT.
A expectativa é que essas inovadoras tecnologias possam ser uma plataforma abrangente para o uso de dispositivos diagnósticos. Isso inclui uma ampla gama de sensores implantáveis e injetáveis capazes de relatar e exibir a condição do corpo humano em tempo real. Essa abordagem promissora tem o potencial de revolucionar o monitoramento da saúde e proporcionar uma nova era de cuidados médicos personalizados e precisos.
O Dr. Carson Bruns, liderando um laboratório de pesquisa, concentra seus esforços no desenvolvimento de tatuagens inteligentes que monitoram fatores externos, como radiação e exposição à luz ultravioleta – uma das principais causas de câncer de pele, que é considerado o tipo mais comum de câncer, segundo a Sociedade Americana Contra o Câncer.
Além de ser professor assistente de engenharia mecânica na Universidade do Colorado, Bruns tem uma conexão pessoal com a arte das tatuagens, tendo feito sua primeira tatuagem aos 19 anos, o que despertou um amor pela arte que se entrelaça com sua pesquisa.
Em 2020, ele foi parte de uma equipe que publicou um artigo destacando uma pequena tatuagem sensível à luz, apelidada de “sarda solar”. Essa tatuagem funciona como um “pequeno ponto alimentado pela luz do sol”, conforme descrito por Bruns, e tem a capacidade de reagir às exposições à luz solar, fornecendo informações valiosas sobre a intensidade da radiação ultravioleta a que o indivíduo está exposto.
Essas tatuagens inteligentes, projetadas tanto para monitorar fatores internos como externos, estão abrindo novas perspectivas no campo da saúde e prevenção, fornecendo uma maneira inovadora de cuidar da saúde e alertar sobre possíveis riscos.
Fonte: CNN
