Durante a última semana cresceu o debate a respeito das transações entre Brasil e China excluírem a bolsa de Chicago como referência de preços e da utilização de moedas próprias para as negociações do agronegócio brasileiro e o país asiático. De acordo com o Diretor da Brasoja, Antônio Sartori, é importante desmistificar e esclarecer o que de fato está sendo negociado. “Isso é algo utópico. A china vai continuar sendo a maior importadora de soja do mundo, principalmente do Brasil (…) então a chance da bolsa de Chicago desaparecer, é zero, só se nós vendermos abaixo da cotação de Chicago”, explica.
As fortes alterações no preço da soja também foi comentado pelo diretor que explicou que apesar da safra gaúcha ter sido afetada pela estiagem o Brasil teve a colheita de uma safra recorde e isso influencia nos preços. “O prêmio o negativo que está acontecendo no momento no Brasil, a principal consequência é a pressão de venda do centro, que está acolhendo com uma produtividade muito boa principalmente de comparar com a gaúcha e como os fertilizantes estão a metade do preço do ano passado, o pessoal está vendendo até porque não tem logística, a logística brasileira por uma safra de 310 milhões, nós deveríamos ter uma capacidade estática no mínimo de 370 milhões portanto não tem onde guardar o produto,” frisa o diretor.
O comércio de moedas locais entre Brasil e China, com o Real versus Yuan, pode parecer uma possibilidade distante. No entanto, considerando que a China é o maior importador mundial de soja, principalmente do Brasil, é improvável que o comércio seja afetado. Segundo o diretor, a produtividade agrícola dos Estados Unidos está limitada pela falta de terras disponíveis, enquanto a Argentina está sofrendo com uma queda na colheita de soja, que deve ficar em apenas 25 milhões de toneladas este ano, metade da produção de 2020. Todos esses fatores impactam na decisão final sobre o comércio de moedas locais entre Brasil e China.
Antônio ressalta que é irresponsável divulgar achismos sobre algo que impacta tanto o agronegócio brasileiro. Ele acredita que o mundo tem fome e continuará comprando, e cabe ao Brasil mostrar seu potencial. Por sua vez, os produtores precisam demonstrar sua competência e competitividade, mesmo sem muito apoio governamental ou subsídios.
O diretor explicou que o orçamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) é de apenas 12 milhões de reais, apesar de o país ser responsável por metade da produção das Américas. Esse fato indica que o orçamento não está sendo justo para os produtores.