Em comemoração ao Dia das Mulheres, realizado no dia 8 de março, o Grupo Ceres promoveu um painel com mulheres para falar sobre o protagonismo feminino no agronegócio. Um dos principais temas abordados foi a sucessão familiar.
A estiagem foi um tema que mostrou ser preocupante, e a grande seca que prejudica a colheita de várias culturas como a soja. Aliado a este problema, a pandemia e a guerra entre Rússia X Ucrânia e a questão dos fertilizantes somaram um desafio maior ainda para aqueles que trabalham com o campo e dele tiram seu sustento.
Comandado pela diretora executiva do Grupo Ceres, Jussara Alberton Sirena, e pela diretora financeira Talita Trennepohl, o painel abordou os desafios da mulher, uma das principais pautas do agronegócio, tais como a sucessão familiar rural.
As convidadas Fabiana Venzon, Roveni Lúcia Doneda, Graziela de Mattos Souilljee, Susana Stapelbroek Trennepohl e Raquel Guadagnin falaram sobre suas experiências e suas vivências, intrínsecas ao campo, e como ter vindo de uma origem que nasceu no campo influenciou a forma como estas mulheres enxergam e enfrentam o mundo.
Rovena “cuidado com seu bem maior, manter os pés no chão, cuidado com os negócios, e quero dizer aos produtores: não plante sem seguro, precisamos estar preparados para safras boas e ruins, pois somos indústria ao céu aberto, lidamos com o perigo”.
Rovena ressaltou que em encontro durante a 22ª Expodireto, disse ao presidente da Cotrijal, Nei Manica: “saúde em primeiro lugar, com saúde conseguimos correr atrás”.
Suzana salientou que este é um “momento de preços bons até próxima safra; agro sempre é um bom negócio, mas temos que estar atentos, e lembrar-se da importância da gestão: administração é tudo”.
Para Graziela, que corroborou o que foi dito por suas colegas, que “tudo é cíclico, e apesar da guerra, não sabemos como será o cenário, é preciso estar atento ao macro mercado, pois a gestão é tudo, então precisamos estar sempre atentos. O cenário internacional é preocupante, mas o agronegócio não para nunca”.
Já Raquel Guadagnin, digital influencer, disse que antes de tudo é preciso “ter coragem”. Formada em Agronomia, viu nas redes sociais uma oportunidade para aliar os dois mundos: unir o conhecimento adquirido na universidade ao prazer de trabalhar com o que gosta.
“Dessa forma podia trabalhar de casa, ajudando meu pai e realizando meu trabalho”.
Sucessão
Sobre sucessão, as participantes do painel fizeram uma análise apropriada a respeito, destacando que os filhos as vezes dizem que não querem dar continuidade ao trabalho no campo, e seguem seus próprios sonhos, mas que muitos acabam voltando para o campo após experimentarem outros ofícios.
Alguns destaques podem ser dados ao fato de não obrigarem os filhos a seguir nada, mas sim ensina-los o que é bom, pois eles têm que entender que apesar do que escolher, mesmo amando, vão existir momentos difíceis, pois a vida não “é uma brincadeira”.
Ainda falando sobre gestão e sucessão, destacaram que existem empresas de gestão que atuam nesse ramo, pois mesmo que nenhum deles suceda seus pais, precisam estar preparados.
Preparar e se preparar, a ruptura ela acontece, o medo do novo todo mundo passa por isso, talvez por isso muitos se mantem na zona de conforto, mesmo infeliz, se mantem naquilo que conhecem, por medo.
A questão da sucessão enfrenta um obstáculo, pois uma das alternativas que o jovem rural vem adotando é a migração para o meio urbano, buscando diferentes condições de vida, estudo e trabalho.
Como resultado desse processo, ocorre a dificuldade de sucessão familiar no campo.
“O cenário brasileiro sobre sucessão familiar, mostram, muitas vezes, um panorama pessimista, mas temos que ser fortes e saber lidar com isso”, disse Susana.
Para na Roveni, o importante é que os filhos sejam felizes, independentemente de suas escolhas profissionais”.
Foi destacado ainda que a sucessão familiar rural carece de políticas que auxiliem os processos sucessórios na agricultura.
Lembraram ainda que existe a preocupação da permanência dos jovens no meio rural, pois a presença de um membro da família como sucessor é imprescindível para a continuidade do trabalho realizado por pais e mães.
“Quanto maior o envolvimento de nossos filhos nas decisões da propriedade, maiores as chances de sucesso no processo de sucessão”, finalizou Susana.
Perfis
Susana Stapelbroek Trennepohl
Diretora Administrativa da Stara, liderança feminina ligada ao agronegócio.
Fabiana Venzon
Diretora de Agronegócio da ACISA e Membro do Conselho de Administração na Cotrijal, com MBA em Gestão Empresarial e Gestão Estratégica de Agronegócio.
Raquel Guadagnin
Mestre em Agronomia, agricultora e influenciadora digital do agro.
Roveni Lúcia Doneda
Produtora e conselheira representante dos líderes de Núcleo pela Região Sede da Cotrijal.
Graziela de Mattos Souilljee
Diretora administrativa da Grazmec, com MBA em Administração de Empresas pela PUC/RS