Ocorreu na manhã desta terça-feira (08.03) a abertura do 32ª Fórum Nacional da Soaj, um dos principais eventos da Expodireto Cotrijal. Iniciado em 1990, o fórum está sendo transmitido pela Expodireto Digital, plataforma lançada neste ano e que reproduz em ambiente virtual o parque de exposições.
De forma presencial, no auditório central do parque onde acontece a Expodireto Cotrijal, a participação no Fórum Nacional da Soja é um evento muito concorrido.
Neste momento, o pesquisador da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, apresenta a palestra “Sustentabilidade da Agropecuária X Incertezas Climáticas”.
Nele, Evaristo fala sobre o forte desempenho da agropecuária brasileira e o vigor no crescimento de suas exportações, que colocaram o Brasil como um dos líderes mundiais da produção de alimentos, fibras e bioenergia.
VEJA ALGUNS DOS PONTOS EM DEFESA DA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA QUE SERÃO APRESENTADOS PELO PESQUISADOR DA EMBRAPA
O setor agropecuário nacional é eficiente do ponto de vista agronômico, econômico, social e ambiental, graças ao empreendedorismo dos agricultores e às inovações tecnológicas dos sistemas de produção e gestão das propriedades rurais.
Ano após ano batemos recordes de produção de grãos usando, de acordo com a Global Food Security Analysis-Support Data at 30 Meters (GFSAD30) Project, apenas 7,6% do território brasileiro, ou 7,8% de acordo com estudos da Embrapa Territorial.
O GFSAD30 é uma aliança de instituições como Google, NASA, USGS, University of Wisconsin, FAO, Duke University, dentre outras, que tem por objetivo mapear, com resolução de 30 metros, as áreas de produção no mundo. A capacidade de produção e o potencial de crescimento da agricultura brasileira incomodam diversos interesses, sobretudo de competidores do Brasil.
A dimensão ambiental passou a ser o principal foco dos ataques contra a agropecuária brasileira aqui e no exterior. Projetou-se uma imagem de destruição do meio ambiente no Brasil como resultado do avanço da produção agropecuária. Os agricultores passaram a ser apresentados como os grandes vilões do meio ambiente, e os resultados da produção, como produto da destruição da Amazônia e de outros biomas. Todavia, a pesquisa agrícola brasileira possui um acervo de conhecimento e tecnologias que assegura o equilíbrio entre produção e oferta de alimentos e a conservação ambiental. Desnecessário dizer que a produção agrícola brasileira é feita, majoritariamente, fora do bioma Amazônico.
Essa imagem vem sendo desmistificada ao longo dos últimos anos graças às pesquisas e aos resultados sobre a atribuição, a ocupação e o uso das terras no Brasil, gerados pela Embrapa, com grande participação de diferentes equipes da instituição, com destaque para as equipes da Embrapa Territorial. Há décadas, esse time de pesquisadores, analistas e técnicos gera informações numéricas e cartográficas inéditas, públicas e abertas, com base no uso de imagens de satélite e técnicas de geoprocessamento e cartografia digital.
Dados sobre o papel da agricultura na preservação da vegetação nativa demonstraram a dimensão territorial, ambiental, econômica e social da aplicação do Código Florestal pelos produtores, até então desconhecida.
É importante frisar que a Embrapa participou ativamente da construção do Código Florestal, que foi ampla e democraticamente debatido no Congresso Nacional, com a realização de pelo menos 200 audiências públicas e aprovado pela esmagadora maioria dos parlamentares. Nas referidas audiências públicas, a presença de cientistas com visão divergente foi sempre estimulada e trouxe contribuições na produção de uma legislação equilibrada e possível.
A pesquisa desenvolvida pela Embrapa Territorial quantificou por município, microrregião, estado, bioma, regiões e país a contribuição de cada uma das mais de 6 milhões de unidades agropecuárias na preservação de 33% do país. O equilíbrio entre produção e preservação alcança patamares inimagináveis no Brasil, quando comparado a nações com relevância na produção de alimentos.
Os trabalhos da Embrapa Territorial demonstram há anos, com mapas, números e fatos, o papel e o protagonismo incontornável do agricultor na preservação do meio ambiente. As informações trouxeram subsídios e ânimo aos produtores rurais, às suas organizações e às políticas públicas sobre a temática ambiental no mundo rural. E tornaram sem objeto acusações contra a dimensão ambiental da agricultura brasileira.
Há quase 40 anos, a Embrapa Territorial foi criada para dotar o Estado brasileiro e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de um instrumento estratégico de inovação, inteligência, gestão e monitoramento territorial, para apoiar políticas públicas e privadas e a competitividade do setor agropecuário. Seus estudos, dados e métodos, públicos e abertos, sempre estiveram à disposição de todos e isso se materializa em milhões de acessos ao site da Embrapa. Centenas de palestras foram ministradas na academia, para público especializado, em eventos de grande participação do agro e da sociedade e em eventos online.
Esses dados foram utilizados pelo Legislativo e pelo Executivo ao longo de várias legislaturas e por diferentes governos, na formulação de políticas públicas e privadas focadas na produção agropecuária mais sustentável, e, de tal modo, apoiaram a elaboração do Código Florestal Brasileiro pelo Congresso Nacional, cujo resultado equilibrou o passado, o presente e o futuro da interface entre produção e preservação ambiental, eliminando falsos antagonismos.
O monitoramento da dinâmica da atribuição, do uso e da ocupação das terras é o mandato e a missão da Embrapa Territorial. Informações geradas por esse centro de pesquisa apoiam ações estratégicas internas como as vinculadas ao VII Plano Diretor da Embrapa e de sistemas como Agropensa e do documento “Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira”.
Pesquisas da Embrapa Territorial evidenciaram a participação do produtor rural na preservação ambiental, para a qual destina terras, recursos financeiros e humanos. E esvaziaram o discurso do conflito entre mundo rural e recursos naturais, produção e preservação.
Em suma, os trabalhos técnico-científicos desenvolvidos pela Embrapa demonstram há anos que é possível produzir, alimentar mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo e preservar o meio ambiente. E isso é feito sem conflitos e de forma harmônica.