A sexta-feira de Natal (25) no Rio Grande do Sul foi marcada simultaneamente por uma nítida melhora no mapa de distanciamento controlado do governo do Estado e por um recorde de 986 pacientes internados por coronavírus em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), o maior número desde o início da pandemia, segundo dados do Gabinete de Crise. Na sexta-feira passada, eram 935 pessoas.
No painel atualizado por hospitais e divulgado pelo governo do Estado, o número de internações chegou a registrar 1.003 pacientes em UTIs. Contudo, segundo o próprio governo, houve erro por parte das equipes no preenchimento dos dados. Esse número foi corrigido no início da tarde deste sábado (26) para 986 leitos ocupados por covid nas unidades de terapia intensiva, ainda assim um recorde. Por conta desse equívoco, a equipe do comitê decidiu revisar junto aos hospitais todos os dados envolvendo a atualização do dia 25.
Em quase todas as regiões, registrou-se crescimento no número de pacientes com coronavírus internados em UTIs ao longo da semana. A piora mais acentuada ocorreu na Serra (aumentou em 18% o número de internados por covid-19 em uma semana).
A melhora ficou nos Vales, onde caiu em 9% o número de pacientes em UTIs, e na Região Missioneira, onde houve 13% de redução.
Enquanto o governo gaúcho se mobiliza para aumentar o número de vagas em UTIs, o número de leitos livres no Estado aumentou de 453 na sexta-passada para 504 no Natal. Como consequência, a ocupação de leitos intensivos hospitalares neste sábado (26) se manteve na casa dos 80%.
Os números de novos casos em uma semana seguem crescendo diariamente: no Natal, a média móvel era de 677,9 novas infecções por dia, aumento de 14% em comparação à sexta-feira anterior, segundo dados do Ministério da Saúde. O Piratini entende que há estabilidade no ritmo de novos casos calculados sobre o tamanho da população do Rio Grande do Sul.
Também há mais mortes por coronavírus no Estado: a média móvel em uma semana, no dia do Natal, era de 9,6 vítimas por dia, ante 9,4 na sexta-feira da semana anterior. O governo do Estado interpreta que não houve crescimento relevante. Hoje, o Rio Grande do Sul tem a quinta taxa de óbitos semanal mais alta do Brasil.
O recorde nas internações em UTIs por pacientes com coronavírus ocorreu no mesmo dia em que o governo do Estado apontou uma melhora no mapa de distanciamento controlado. Das 21 regiões, 15 receberam bandeira vermelha e outras seis receberam a cor laranja — na semana anterior, a proporção era de 20 para uma.
As regiões de Bagé e Pelotas, que duas semanas atrás estavam em bandeira preta, agora receberam a classificação laranja – no intervalo, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB) fechou atividades não essenciais por cinco dias, em uma espécie de lockdown que parece ter surtido efeito.
Se a Região Sul estava com 0,3 leitos de UTI livres para cada paciente com coronavírus duas semanas atrás, agora, está com 0,71. O número de confirmados e suspeitos com covid-19, somados, caiu de 74 para 62.
Para as autoridades políticas e científicas que integram o comitê, a boa notícia a nível estadual é que houve estabilização e até mesmo redução quanto à ocupação de leitos clínicos (casos de menor gravidade): caiu, da véspera para o Natal, de 1.234 para 1.092. No intervalo de uma semana, foi uma queda de 19,6%.
Uma queda nas enfermarias é prenúncio de melhora nas UTIs dentro de duas semanas. Mas o receio, tanto pelo governo quanto por médicos, é de uma explosão de casos, internações e mortes após as festas de Natal e Ano-Novo a ponto de causar o colapso do sistema hospitalar. Assim, a melhora nas enfermarias pode não ser o suficiente para, nos dias seguintes, abrir espaço para tratar a nova leva de internações.
Fonte: Gaúcha ZH
