Sempre quando nasce uma criança a mãe passa a ser referência de amparo e cuidado para o bebê. A proteção gera conforto, mas crescer sem a presença da mãe pode ser desafiador . Os olhos expressivos e pensamento concentrado de dona Terezinha Pivatto revelam a infância marcada por luta e muito trabalho. A vida para ela, não foi muito fácil.
Aos dois anos de idade ela perdeu a mãe e foi criada pelas irmãs, ela conheceu a mãe pela foto. Desde pequena, o trabalho esteve presente na rotina. Aos 11 anos, ela conta com orgulho, que já era uma dona de casa, fazia pão no forno de barro. Dona Terezinha revela que trabalhou arduamente na lavoura, enfrentando todos os perigos, sol escaldante, porém nunca desistiu.
Natural de Constantina casou-se com Eugênio Pivatto (in Memoriam), da união tiveram cinco filhos: Lorena, Neli, Roni, Ronei e Leôncio Pivatto. A família se multiplicou e têm 09 netos, 10 bisnetos. A união durou 60 anos.
O motivo de vir morar em Não-Me-Toque foi à busca por uma vida melhor. Terezinha conta que “No interior a vida não era fácil, as terras eram difíceis de trabalhar, tinha bastante ladeira, não tínhamos recursos, passamos por muita pobreza, quando eu trabalhava na roça, nunca gostei de fica conversando em serviço, meu lema era ir e trabalhar, meu marido foi um homem muito trabalhador” revela dona Terezinha, com os olhos cheios de emoção.
A memória lúcida, com 85 anos, conta em detalhes como a vida foi construída ao longo do tempo. “só com muito trabalho que conquistamos isso que temos hoje, no início eu rezava muito e ficava preocupada pensando como vamos encher essas prateleiras, mas tudo foi se ajeitando. Apesar das dificuldades, não dá para baixar a cabeça, eu ainda estou viva, não podemos viver pelos cantos reclamando” fala com otimismo.
Dona Terezinha, com um sorriso estampado no rosto, fala emocionada de todas as atividades que ela gosta de executar. “Gosto de me sentir útil, eu faço nozinho, biscoito, pão de milho, calça-virada, eu gosto de cozinhar, gosto de fazer crochê, fuxico, tapetes, e com gargalhadas revela que ando indisposta para fazer artesanato, me cansa às vezes. Eu gosto de ocupar a cabeça. Às vezes eu vejo TV”.
Dona Terezinha não está sozinha, além dos filhos, ela conta com ajuda da Diva Maldaner, amizade que já se estende por 10 anos. “Nossa amizade vai além de vínculo empregada, patroa”. A cumplicidade entre as duas é notória. Juntas elas fazem nozinhos, pão de milho. Divã revela que nunca conheceu alguém que tenha tanta paciência. Dona Terezinha afirma “sei que preciso de ajuda, discutir não é bom”. Assim elas seguem, amizade fortalecida e muito companheirismo.
As histórias relatadas são com convicção de que o sofrimento enfrentado nunca mais será vivenciado. Hoje, a família tem comércio próprio em Não-Me-Toque, os irmãos tocam juntos o Supermercado Pivatto e segundo as contas de dona Terezinha já fazem uns 28 a 30 anos, aproximadamente.
Histórias como a de dona Terezinha, já foram ouvidas em muitas famílias. A trajetória dos antepassados e as que os avós contam, sempre tem cunho de luta e enfrentamento das dificuldades. Em 1946, dona Terezinha relembra a emoção que foi subir no palco da escola para recitar uma poesia.
“Em 1946 eu subi no palco pela primeira vez, e hoje em 2020 vai ser um prazer falar novamente à poesia que eu nunca esqueci”.
A Rádio Nova Ceres foi até a residência para oportunizar a dona Terezinha Pivatto viver novamente esta emoção. Em pé, ela ergue a cabeça e ecoa a voz de lutas de uma vida.
Sete de setembro
Salve o dia memorável
Salve o sete de setembro de 20 salve o dia abençoado
Quem nasceu sobre essa data
Tem pura e mãe gentil
Tem orgulho de dizer
Somos filhos do Brasil
Avante mocidade
Contamos quantos mil
Temos orgulho de dizer
Somos filhos do Brasil
Quero ser um homem forte
Independência ou morte
Conservarei sempre dos vícios
Que mata e desmoraliza
Cada dia um benefício
Eis aqui minha divisa.
Camila Soares
