A Secretaria de Desenvolvimento Rural Pesca e Cooperativismo (SDR), criou o Programa da Agroindústria Familiar, que atua na formalização e implantação de agroindústrias e no apoio à comercialização dos produtos fabricados nas propriedades. Com o intuito de contribuir na renda familiar, usando a matéria prima, muitos agricultores estão investindo na fabricação de alimentos para a comercialização na comunidade.
Situada em Invernadinha, interior do município de Não-Me-Toque, a empresa de Embutidos Savadinscky passou de geração para geração. A história começou assim: o avô que passou para o pai, que passou para os filhos. Seu Erni Savadinscky (in memoriam) passou o legado aos irmãos Vilson Savadinschky e Lauri Savadinscky, juntos eles gerenciam a empresa numa sociedade que veem dando certo há 20 anos.
Para Vilson, um dos sócios, mesmo diante de dias difíceis de pandemia, a solução é tentar superar. “O jeito é sobreviver, a queda na venda de carne foi na metade, as linguicinhas também tiveram redução, à expectativa está no salame que ainda está superando” conta ele. Iniciar o negócio próprio é um sonho almejado por muitos agricultores, a expectativa é de colher bons resultados de todo trabalho dedicado embaixo de chuva ou sol escaldante.
Para seu Vilson, esta situação, mesmo que momentânea, tem causado preocupação. “Quando decidimos legalizar todo o processo, não tínhamos recursos, o jeito foi financiar tudo pelo banco. Ganhamos dez anos para pagar, mas foi difícil. Hoje, toda a estrutura já está paga, mas ainda estamos terminando de pagar algumas máquinas. O investimento de R$300 mil foi também para deixar tudo de acordo com as exigências sanitárias”.
Nem sempre é fácil a vida no campo. Trabalhar e não conseguir comercializar os produtos gera danos econômicos e frustra psicologicamente o agricultor que idealiza colher o que plantou e receber pelo trabalho realizado. “A concorrência é grande, o que ajuda na família é a colheita dos grãos, por que se a lavoura vai bem, tudo vai bem também à sociedade”, explica Valdir.
A marca Embutidos Savadinscky possui o selo estadual de qualidade “Sabor Gaúcho” e tem o cadastro aprovado no Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte, (Susaf). Para a produção, Vilson construiu um espaço ao lado da residência, seguindo as especificações sanitárias e técnicas exigidas. Ali, eles realizam toda a produção dos embutidos.
Empreendedorismo feminino na Agroindústria Savadinschky
O negócio Savadinschky foi além. As mulheres tomaram iniciativa e decidiram que juntas iriam empreender.
Tudo começou quando dona Marlise Savadinschky sentiu a necessidade de ampliar a produção. Por trabalharem com organização de jantas e almoços para eventos, as mulheres da família, encorajadas, decidiram panificar as cucas e pães que eram servidas junto com o churrasco. A ideia de expandir deu certo e agora a Agroindústria Savadinschky é conhecida tanto pelo salame, carnes, linguicinhas, morcilhas, quanto pela panificação.
A sucessão familiar já vem sendo vivenciada pelas mulheres empreendedoras também, além dos filhos que herdaram o legado da família, na produção dos panificados a sucessão já está em processo de transição. O conhecimento de gerações está sendo compartilhado entre mãe e filha. Cristine Savadinschky, filha do casal, chegou a trabalhar no comércio de Não-Me-Toque, mas deixou tudo de lado e foi trabalhar na agroindústria da família.
“A feira do produtor tem contribuído bastante na renda familiar. Trabalhar em casa é uma experiência boa, mas que exige disciplina e dedicação. O bom é que estou sempre em contato com a filha e se trabalhasse fora teria que pagar alguém. Trabalhar em casa facilita, mas é necessário cumprir horário para que os produtos fiquem prontos para realizar a entrega no prazo combinado com os clientes”, afirma Cristine.
Dona Marlise relata que no início não foi fácil, porém a gratificação é maior por trabalhar com o que gosta. “Sinto-me realizada porque a gente faz tudo com amor, carinho para as pessoas gostarem e acredito que as pessoas aprovaram pelos anos de história que a gente já tem e pelos pedidos que atendemos”.
Os panificados passaram também a integrar a feira do produtor que a família participa comercializando os produtos fabricados. Na feira são vendidos pães, cucas, roscas, bolachas e salgadinhos. Dentre os produtos fabricados, o pão de milho é o mais procurado.
