A nuvem de gafanhotos da espécie Schistocerca cancellata, que está próxima à Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, deve seguir para o Uruguai. A informação foi repassada, no fim da tarde desta terça-feira (23), pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do Brasil.
Mesmo assim, devido à proximidade com as plantações em território brasileiro, o Mapa emitiu alertas às superintendências federais para que comuniquem aos órgãos de defesa agropecuária. O objetivo é monitorar e orientar os agricultores gaúchos para que adotem medidas de controle da praga caso ela ingresse no país.
Segundo a Coordenação-Geral de Proteção de Plantas do Mapa, esta praga está presente no Brasil desde o século XIX e causou grandes perdas às lavouras de arroz na região sul do país nas décadas de 1930 e 1940. Desde então, não causa danos às lavouras, pois não forma as chamadas “nuvens de gafanhotos”.
Recentemente, porém, voltaram a danificar a agricultura na América do Sul.
De acordo com o Senasa, essas nuvens podem se deslocar até 150 quilômetros por dia. O primeiro alerta do órgão sobre a chegada da praga vinda do Paraguai foi emitido em 11 de maio. No dia 19 de junho, os gafanhotos ingressaram na Argentina.
Nesta terça, as nuvens de gafanhotos estavam sobre a província de Corrientes, com a classificação de “perigo”, conforme o mapa interativo do órgão argentino.
“É uma distância relativamente próxima. Se essa nuvem persistir e as condições meteorológicas forem favoráveis ao ingresso da praga no estado, pode afetar algumas culturas e pastagens inclusive”, afirma o fiscal agropecuário Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do RS.
O meteorologista Flávio Varone afirma que a aproximação de uma frente fria oriunda do sul vai intensificar os ventos de norte e noroeste, o que pode favorecer o deslocamento das nuvens para a Fronteira Oeste, Missões e Médio e Alto Vale do Rio Uruguai. No entanto, ele tranquiliza os produtores e afirma que a previsão de chuvas para a região nos próximos dias deve atenuar o ingresso dos insetos.
“A tendência de queda nas temperaturas e previsão de chuva para todo o estado nesta quinta-feira [25] tende a amenizar o risco de dispersão da praga”, assegura.