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Proteção, refúgio, angústia, inquietação…

por Grupo Ceres
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Mira-me uma imagem disforme

A capturar palavras sem nexo

Que pousam na pauta de leve

E voam para o ego complexo

Amores, desejos e saudades…

Sensação de nulidade…

Lacunas, espasmos, fantasmas…

Vozes que no silêncio falam,

Mas “eu” não estou em casa…

Elas simplesmente se calam

 

Os versos acima são do poema “Eu que…”, da poeta paulistana Issor Honey. A ode tem inspiração na tese do filósofo inglês John Locke, intitulada Tábula Rasa.

Inclusive, “Tábula Rasa” é exatamente o que estava escrito em uma placa que seguia pendurada no pescoço de um homem, que, com o corpo coberto de lama (uma argila, barro de terra vermelha) caminhava pelas ruas do centro de Não-Me-Toque na fria tarde de terça-feira (2), repetindo, inclusive, o que já havia acontecido na tarde do sábado anterior (30/05).

Alexandre Hahn, 27 anos, se diz vítima de pessoas transtornadas, que por motivos particulares acabam por ser psicologicamente violentas com ele. “Acabei entrando em uma situação de intriga com algumas pessoas e essas pessoas nutriram mágoa contra mim, acredito que algumas delas possuem o transtorno de personalidade narcisista, essas pessoas acabaram alimentando uma violência emocional e sentimental contra mim, baseado nisso elas agem em táticas de difamação, houve algumas calúnias contra mim”, argumentava, enquanto estava parado em uma das esquinas da Praça Otto Schmidt, apenas com a companhia de seu fiel companheiro, o cãozinho Bolinha.

Aparentemente saudável fisicamente, barba espessa e cabelo aparado, Alexandre manifestava-se usando a frente do rosto, além da pertinente máscara facial, uma atadura sobre os óculos. Vestia apenas um calção verde e calçava bons chinelos de dedo, que se postavam sobre a película de lama seca. Para ele, uma espécie de escudo, ou refúgio, aos ataques sofridos. “Não tenho muita reputação social, sempre fiquei mais na minha, então a única saída que encontrei foi sair (na rua) dessa maneira em público, expressando, com o corpo coberto dessa argila, de uma forma que ironizasse essas coisas que as pessoas acabam falando de mim. Eu não tive outra opção, eu não conseguir ver outra opção”.

Alexandre se eximiu de identificar as pessoas as quais acusava e também de que forma sofria tal violência. “Não posso ser muito específico, pois acabaria me trazendo mais problemas, mas são pessoas que de certa forma são um pouco próximas e que se voltaram contra mim e a partir delas a bola de neve desencadeou. São pessoas que estão na sociedade, estão por aí”, relatou o jovem, que é morador da cidade e vive com sua família.

Em seus perfis nas redes sócias, Hahn comprova o acesso possível à Internet, assim como sua predileção por assuntos que remetem à filosofia e psicologia, além do imenso carinho ao seu cachorro. Justificando o porquê da descrição que levava na placa que carregava, o jovem que cursou até o 1º ano do ensino médio, disse que tenta transmitir a mensagem de que é alguém em “construção”. “Eu leio bastante, não sabia o que colocar na placa, eu não queria ofender ninguém e não queria ser uma pessoa demonstrando maldade ao sair por aí me expressando, então pensei em usar esse termo, porque traz essa noção de que a pessoa, se ninguém a conhece, ela é uma tábua em branco, ninguém sabe o que ela é”, explicou.

“A tática de difamação é justamente isso, é pegar a mente em branco, a tábua em branco, sobre aquela pessoa, e escrever perante a sociedade algo que caracterizaria uma difamação, de calúnia, sujar o nome da pessoa”, conclui Alexandre.

Com a mesma atenção que teve com a reportagem da Nova Ceres, nossos redatores também deixam uma mensagem ao jovem, pauta dessa nossa matéria, vinda pelos versos de mais um poema, dessa vez, Mario Quintana: “DA OBSERVAÇÃO”…

 

“Não te irrites, por mais que te fizerem

Estuda, a frio, o coração alheio.

Farás, assim, do mal que eles te querem,

Teu mais amável e sutil recreio.”

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