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Soja: Semana começa fraca e com foco do produtor nos prêmios diante da pressão do dólar e de Chicago

por Grupo Ceres
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O mercado brasileiro da soja começa a semana sem as referências da Bolsa de Chicago – com a comemoração do feriado comemorado nos EUA nesta segunda-feira (25) do Memorial Day – e com o dólar registrando fortes baixas, testando suas mínimas desde abril.

No cenário externo, apesar do feriado, o mercado observa o agravamento nas relações entre China e Estados Unidos. Os dois países voltam a endurecer suas retóricas e a fazer declarações ofensivas, motivadas não só pelas questões comerciais, mas agora também pelo novo coronavírus.

E na última sexta-feira (22), as cotações da oleaginosa já terminaram o pregão com pequenas baixas, depois de uma semana de mercado caminhando de lado e à espera de notícias novas, em especial vindas da demanda da nação asiática no mercado nacional, as quais não vieram.

No momento desta reportagem, o dólar operava com baixa de 2,15% e sendo cotado, por volta de 16h10 (horário de Brasília), a R$ 5,45. Assim, já exercia pressão sobre os preços no mercado brasileiro, com o foco maior dos produtores, neste momento, sobre os prêmios. No entanto, com todos os outros fatores alinhados, a semana começa fraca de negócios e assim deverá continuar, segundo analistas e consultores de mercado.

A demanda pelo produto brasileiro, afinal, ainda é bastante forte, e pode ganhar mais consistência ainda diante dos problemas entre China e EUA. Por isso, os prêmios seguem positivos no Brasil, variando entre 65 e 85 centavos de dólar, no porto de Paranaguá, sobre os valores praticados na Bolsa de Chicago. As posições mais distante são as que possuem valores mais elevados.

“A desvalorização do dólar na última semana refletiu no preço médio semanal da soja em Mato Grosso que apresentou queda de 1,30%, fechando em R$ 97,47 por saca. Apesar da retração nos preços, a demanda pelo produto brasileiro segue firme, de modo que o prêmio corrente para o porto de Santos/SP fechou com alta de 6,35%”, informa o IMEA (Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária).

O Notícias Agrícolas ouviu três analistas de mercado para entender como esta nova semana se inicia para o mercado brasileiro da soja diante de uma baixa disponibilidade de produto neste momento no país, o dólar bem mais baixo em comparação às últimas semanas e dos preços na Bolsa de Chicago, mais uma vez, ameaçados por essa nova rodada de escalada de tensões entre China e EUA.

“Ninguém quer vender nada, há bem pouco para negociar, então está tudo parado. Os compradores baixaram mais R$ 2,00 em relação à semana passada, na safra nova entre R$ 102,00 e R$ 103,00, mas está tudo sem movimento, começamos sem atividade. E quem tem soja, está bem capitalizado agora, e não vende”, diz.

Ginaldo Sousa, Grupo Labhoro

Para Ginaldo Sousa, diretor do Grupo Labhoro, o dólar não deve ceder ainda muito mais do que já vem registrando, porém, explica que ao passo em que encerrar o dia abaixo dos R$ 5,50 nesta segunda-feira, deve testar um novo objetivo de R$ 5,37. “O Banco Central está mais atuante, hoje já atuou em leilões de linha e o mercado vai cedendo naturalmente a isso. Então, o dólar não deve cair muito, mas pode ceder um pouco sim”, diz.

Sobre o agravamento das relações entre China e EUA pode provocar uma baixa mais intensa sobre os preços da soja na Bolsa de Chicago, com os futuros da oleaginosa podendo, inclusive, perder o patamar dos US$ 8,00 por bushel em dado momento.

“Por outro lado, os prêmios sobem no Brasil. Então, não vejo os preços físicos caindo, e devem ficar estáveis nos portos, valendo entre R$ 109,00 e R$ 112,00, sem ceder muito, mas também não devem subir muito em função do aspecto fundamental, que é a demanda. A China ausente não deve comprar e isso deve dar certo suporte ao produtor brasileiro”, explica.

Luiz Fernando Gutierrez, Safras & Mercado

Na análise de Luiz Fernando Gutierrez, da consultoria Safras & Mercado, o mercado se atenta aos desdobramentos da nova pandemia do coronavírus, mas principalmente ao plantio da nova safra dos EUA e, claramente, à tensão entre China e EUA.

“Acreditamos que o plantio tenha evoluído bem, sem excesso de umidade em nenhum lugar. No lado das vendas, elas realmente não estão acontecendo e é um fator que mantém Chicago pressionado”, diz. “E há esse novo momento em relação às tensões geopolíticas que, lá na frente, pode gerar uma nova rodada de guerra comercial. Assim, a tendência em Chicago continua sendo de pressão, pois não há fator nenhum que possa fazer o preço subir agora”, completa Gutierrez.

Para o analista, os preços não deverão voltar ao patamar dos US$ 8,00, mas podem se distanciar dos atuais níveis. E daqui em diante, acredita que o que se espera também para o mercado internacional é mais volatilidade em função da questão climática.

No mercado interno, Gutierrez chama atenção para a questão dos prêmios, porém, alerta para a possibilidade de suas altas serem insuficientes para compensar as baixas do câmbio. “Temos espaço para preços menores do que os das últimas semanas, já temos visto isso, e o câmbio aqui no Brasil refletindo essa questão da política brasileira que, aparentemente, está um pouco mais tranquila, com o vídeo (da reunião interministerial) sem provas cabais contra o presidente. Mas, fatores externos ainda apontam para a alta do dólar, mas a política brasileira tem um peso muito grande”, conclui.

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