O desastre que se abateu sobre o Rio Grande do Sul afetou a produção tanto da indústria local quanto da indústria nacional em maio, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal divulgada nesta quarta-feira (03) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A produção industrial recuou 0,9% em maio ante junho, com perdas em 16 das 25 atividades investigadas. As duas maiores contribuições negativas para o resultado geral da indústria partiram de veículos (-11,7%) e de produtos alimentícios (-4,0%), ambos os setores impactados pelas enchentes em território gaúcho.
“Você tem por conta desse evento impacto direto para plantas industriais do Rio Grande do Sul e em plantas industriais em outras Unidades da Federação”, afirmou André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
Em veículos automotores, houve paralisação em montadora de veículos e em fábricas de autopeças por conta das chuvas, o que afetou o abastecimento em outras regiões do país.
Macedo lembra que uma planta industrial de São Paulo optou pela concessão de férias coletivas aos funcionários, como forma de mitigar os efeitos das paralisações em unidades produtoras de peças no Rio Grande do Sul.
Além disso, o segmento também foi afetado por uma greve em outra montadora e pela base de comparação elevada, ponderou Macedo. Em abril ante março, a produção de veículos no país tinha avançado 13,8%.
Quanto aos produtos alimentícios, as chuvas no Rio Grande do Sul podem ter impactado via complexo de carnes (aves, bovinos e suínos) e derivados da soja, por exemplo.
Por outro lado, houve redução no processamento de cana-de-açúcar por conta de condições climáticas desfavoráveis, levando a uma queda “pontual” na produção de açúcar, sem relação com as enchentes.
“Esses são dois exemplos que influenciaram mais, mas fato é que poucos segmentos industriais estão contribuindo positivamente para o total da indústria (em maio)”, disse Macedo. O pesquisador lembra que a indústria já vinha de uma queda na produção no mês anterior.
“Então tem uma menor intensidade na produção industrial, e ainda tem esse fator de Rio Grande do Sul, que contribui para esse resultado: dando esse resultado negativo de maior magnitude que no mês anterior e um maior espalhamento de quedas (entre as atividades)”, pontuou.
Em maio, diversos segmentos industriais mostraram comportamento negativo sob influência das chuvas, confirmou Macedo. Além de veículos e alimentícios, as enchentes afetaram também uma parcela dos setores de calçados, fumo, produtos químicos e máquinas e equipamentos para o setor agrícola.
O gerente do IBGE conta que há relatos de indústrias antes paralisadas pelas chuvas e que agora retomaram a produção, embora algumas talvez não tenham conseguido retornar completamente.
O pesquisador lembra que a pesquisa de maio trouxe apenas os primeiros impactos das enchentes, sendo necessário aguardar as próximas divulgações para saber como a retomada pós-chuvas vai ocorrer daqui em diante.
“A montadora que paralisou por um tempo sua produção voltou a produzir. Algumas plantas industriais que produziam autopeças também voltaram a produzir, mas algumas outras plantas industriais de outros segmentos seguem paralisadas”, relatou.
Fonte: O Sul