Um grupo de 118 países, incluindo o Brasil, se comprometeu neste sábado (2) durante a COP 28 a triplicar suas capacidades para energias renováveis até 2030, e outros vinte prometeram também triplicar a geração nuclear até 2050, em um gesto considerado histórico.
Embora a China e a Índia tenham sinalizado apoio à iniciativa, nenhum desses países assinou o compromisso global, segundo a agência Reuters.
O acordo foi liderado pela União Europeia, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos. Além do Brasil, países como Nigéria, Austrália, Japão, Canadá, Chile e Barbados estão na lista de signatários do pacto.
O texto prevê que os países devem “trabalhar juntos” para aumentar as capacidades renováveis globais (energia eólica, solar, hidroelétrica, entre outras) até os 11.000 gigawatts (GW), em comparação com os cerca de 3.400 GW atuais.
Esse objetivo, porém, não é obrigatório e considera “os diferentes pontos de partida e circunstâncias nacionais” de cada país signatário, afirmou um comunicado da presidência da conferência.
“Isto pode e irá ajudar a fazer com que o mundo se afaste do carvão inabalável”, disse Sultan al-Jaber, presidente da COP 28.
Segundo os especialistas, porém, para alcançar a neutralidade de carbono neste século é imprescindível reduzir o mais rápido possível a dependência dos combustíveis fósseis.
Outro ponto de crítica por organizações ambientais como o WWF é a contradição representada pela entrada do Brasil na Opep+.
Para a ONG, apesar dos sinais positivos no que diz respeito ao combate ao desmatamento, esse movimento reforça o bloco de produtores de petróleo, “indo na contramão da urgente e necessária transição energética que o Brasil e o mundo precisam para enfrentar a crescente crise climática”.
O debate em torno de energias renováveis e a opção nuclear está vigente há décadas, embora organismos como a Agência Internacional de Energia (AIE) insistam que ambas as opções são totalmente compatíveis.
Os acidentes nucleares de Chernobyl (1986) e Fukushima (2011) jogaram a favor dos críticos ao átomo, a começar pelas organizações ambientalistas.
Países como a Alemanha desistiram de suas centrais nucleares, mas crises como a guerra na Ucrânia lançaram dúvidas sobre medidas drásticas como estas.
Estados Unidos, França e Japão fazem parte do grupo de vinte países dispostos a triplicar a sua produção de energia nuclear até meados do século.
“Não estamos argumentando que esta será absolutamente uma alternativa radical a qualquer outra fonte de energia”, disse Kerry à AFP.
“Não temos tempo a perder com distrações perigosas como a energia nuclear”, reagiu Jeff Ordower, diretor para América do Norte do grupo ambientalista 350.org.
“Para que a energia nuclear avançada possa estar à altura de suas promessas, os responsáveis políticos deverão comprometer-se seriamente”, explicou em um recente artigo o Instituto Breakthrough, com sede na Califórnia.
A última vez que o Banco Mundial financiou um projeto nuclear foi em 1959, recordou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, em entrevista à AFP.
A lista de signatários da declaração pró-nuclear da COP28 inclui países em desenvolvimento como a Mongólia e Marrocos, países em guerra como a Ucrânia, cujas usinas elétricas estão ameaçadas por forças russas, e grandes produtores de combustíveis fósseis, como os Emirados Árabes Unidos.
Segundo cálculos da AIEA, 412 reatores nucleares em 31 países fornecem atualmente quase 10% da produção total de eletricidade do mundo. Isso representou o equivalente a 2.545 terawatts (TWh) em 2022. Um terawatt equivale a 1.000 gigawatts.
Comparativamente, a energia nuclear é a mais rentável em termos de investimento por gigawatt gerado de qualquer fonte renovável, segundo um relatório conjunto da AIE e da AIEA de 2020.
Fonte: g1