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Soja atinge menor patamar de preço desde agosto de 2020

por Daiane Giesen
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A soja abriu a semana no menor patamar de preço registrado desde 2020 pela série histórica do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA-Esalq/USP). A cotação da oleaginosa encerrou a última sexta-feira em R$ 127,61 a saca. Em resposta ao relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês), que previu recuperação da safra argentina da oleaginosa, a cotação recuou 1.7% ante os R$ 129,83/sc do dia anterior. No entanto, chegou ao menor patamar desde 17 de agosto de 2020 (R$ 129,67/sc) e pouco mais que o de 14 de agosto do mesmo ano, de R$ R$ 127,26.

De acordo com o analista da consultoria Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque, a recuperação da soja argentina, prevista pelos Estados Unidos, compensa boa parte – ou a maior parte – dos problemas previstos para a colheita brasileira. “O mercado não olha só para o Brasil, mas para a América do Sul. Estão acabando plantio por lá (Argentina) e, até agora, as condições climáticas são boas e favoráveis”, analisa. A projeção é que o país colha 50 milhões de toneladas de soja, mais que o dobro das 22 milhões de toneladas colhidas no ano passado.

A previsão de alta oferta, segundo Roque, tem sustentação mesmo frente à estimativa de quebra à safra brasileira. “A gente sabe que tem problemas climáticos, mas ainda estamos falando na segunda maior safra da nossa história. Estamos longe de ter uma catástrofe na soja brasileira”, garante.

O prognóstico da Safras & Mercado leva em conta o impacto da escassez hídrica em importantes estados produtores, como Mato Grosso, Tocantins e Bahia e aponta para 150 milhões de toneladas na safra 2023/2024. Já para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção da oleaginosa está estimada em 155,26 milhões de toneladas.

Embora o cultivo da oleaginosa se desenvolva de forma irregular devido à estiagem no Centro-Norte e ao atraso do plantio devido ao excesso de chuva da região Sul, o especialista não aposta em mudanças no mercado. “Teremos um primeiro semestre de preços pressionados e mais fracos. Com uma produção sul-americana maior, os contratos de Chicago (bolsa) cedem e perdem valor. Logo, a formação de preços internos fica pior”, analisa.

O início da colheita em alguns pontos do país também depreciam as cotações. “O mercado sente a entrada da safra. Não vejo fator positivo, no curto prazo, nem o clima mudando de uma hora para outra para os contratos de Chicago ganharem força”, conclui Roque.

Praças gaúchas pagam mais

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja/RS), Carlos Alberto Fauth, a cotação da soja, nas praças gaúchas, ainda é maior que no Brasil Central. Segundo ele, enquanto o preço bateu R$ 117 no Estado, chegou a R$ 90 no centro do país. “Estamos orientando o produtor a não vender por este preço vil, porque não faz sentido. Temos certeza que a safra vai ser menor e a lógica diz que o preço deve melhorar”, afirma.

A certeza da melhora do mercado vem a redução na oferta nacional do grão na safra 2023/2024. Fauth, que é produtor e presidente também do Sindicato Rural de Passo Fundo indica que a produção brasileira deve ser menor do que estimam os órgãos oficiais. “Nós acreditamos que a safra total 2023/2024 não deva ultrapassar os 135 milhões de toneladas no Brasil todo (bem menos que o previsto pela Conab, de 155,3 milhões de toneladas)”, diz.

Por isso, garante Fauth, a própria Aprosoja nacional irá calcular as estimativas para a safra de soja. “As dos órgãos oficiais estão muito acima daquilo que o agricultor tem percebido”, constata. Além da escassez hídrica verificada nos estados que respondem pela maior parte da produção brasileira de grãos, Fauth lembra que todas as previsões meteorológicas apontam para a continuidade da estiagem na região Centro-Oeste e na Nordeste, o que impactará bastante na produtividade.

Fauth projeta que a colheita gaúcha de soja fique entre 18 milhões e 20 milhões de toneladas neste ano. “Nosso problema é outro: o atraso no plantio. Algumas regiões terminaram de plantar no último final de semana, o que vai empurrar nossa colheita para o final de março e meados de abril”, complementou. Mesmo assim, o dirigente acredita que o sojicultor gaúcho vai se sair bem se colher a média estadual, de 55 a 60 sacos por hectare.

Estado abrirá a safra nacional

A Abertura Nacional da Colheita de Soja 2023/2024 será realizada no dia 1º de março, na Fazenda Grandespe Sementes, em Tapera, no Rio Grande do Sul. É a primeira vez que o evento acontece no Estado, que é o segundo maior produtor da oleaginosa no país.

Fonte: Correio do Povo

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