Nos últimos meses, os produtores de leite do Rio Grande do Sul têm enfrentado uma série de dificuldades devido a dois fatores principais: o elevado custo de produção e a redução nos preços pagos aos produtores. Em uma entrevista ao Grupo Ceres de Comunicação, Hélio Bernardi, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Carazinho, destacou as dificuldades enfrentadas pelos produtores e expressou preocupações com a sustentabilidade da produção de leite na região.
Bernardi explicou que, em 2015, havia cerca de 84 mil agricultores dedicados à produção de leite no estado, fornecendo diariamente esse alimento essencial à comunidade local. No entanto, ele ressaltou que a política de comércio do Mercosul tem impactado negativamente a produção local, já que outros países subsidiam seus agricultores, tornando mais difícil para os produtores locais competirem no mercado.
Como resultado dessas dificuldades, o número de produtores de leite no estado despencou drasticamente para pouco mais de 30 mil, e há uma preocupação de que esse número continue diminuindo. Alguns produtores não conseguem vender suas matrizes e equipamentos, tornando a situação ainda mais complicada. Para mitigar essas dificuldades, o setor leiteiro tem buscado doações de equipamentos de resfriamento, embora a falta de coordenação para redistribuir esses recursos seja um obstáculo.
Além dos desafios relacionados à quantidade de produção, Bernardi também enfatizou a importância da qualidade do leite. Tanto os produtores quanto a indústria precisam focar na qualidade do produto que chega ao consumidor. Ele mencionou que, em alguns casos, produtos lácteos são vendidos com menos quantidade pelo mesmo preço, o que resulta em uma diminuição do valor para o consumidor.
Outra preocupação discutida foi a falta de fiscalização e regulamentação eficazes. Embora haja leis em vigor, algumas práticas que afetam o consumidor ainda são consideradas imorais perante a sociedade.
O presidente Bernardi enfatizou que, ao longo dos anos, houve uma queda significativa no número de produtores ligados ao setor leiteiro, com uma redução de mais de 60%. A situação é particularmente preocupante para os agricultores mais velhos que estão prestes a se aposentar e não veem incentivos para continuar na atividade devido aos prejuízos financeiros.
Em uma tentativa de obter apoio, os produtores organizaram mobilizações e pressionaram as autoridades locais e do governo federal por soluções. Até o momento, no entanto, não houve resposta eficaz por parte do governo.