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Mel branco dos Campos de Cima da Serra na rota do registro de Indicação Geográfica

Projeto da Secretaria da Agricultura busca reconhecer características únicas do produto

por Daiane Giesen
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O destaque na produção de mel branco do Rio Grande do Sul no concurso CNA Brasil Artesanal – Mel 2024, na categoria mel claro, reforça uma iniciativa do Estado para conquistar o registro de Indicação Geográfica (IG). As apicultoras Adriana de Bortoli, da Apicultura do Máximo, de Jaquirana, e Liane de Oliveira, do Apiário Cambará, de Cambará do Sul, conquistaram o 1º e 4º lugares, respectivamente no concurso da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). As apicultoras integram projeto piloto do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), para obter a IG de Cambará do Sul e sua produção de mel branco.

A IG identifica a origem de um produto ou serviço com características únicas devido à sua localidade. Trata-se de um direito de propriedade intelectual coletivo, que beneficia grupos de produtores. No caso do mel branco, são em torno de outros 10 produtores da região. A Seapi vai iniciar a coleta de dados nesta primavera para subsidiar o pedido de IG por parte dos apicultores e meliponicultores da região. “As análises realizadas são de coloração, feita aqui no DDPA pelos pesquisadores Bruno Lisboa e Luciano Kayser Vargas; polínica, que foi feita pelo pesquisador Jefferson Radaeski, da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó); e análise dos dados farmacológicos e químicos das amostras, que está sendo feita pelo professor Luiz Carlos Klein-Júnior, da Universidade do Vale do Itajaí (Univali)”, destaca a coordenadora do estudo, pesquisadora do DDPA na área de desenvolvimento rural, Larissa Ambrosini.

Registros escassos

O levantamento inclui a caracterização das condições edafoclimáticas (de solo e clima) da região produtora, levantamento florístico e fitossociológico, identificação de abelhas visitantes florais de carne-de-vaca (Clethra scabra), análise polínica de amostras de mel branco produzidas no território e reconstituição da história de produção do mel branco no território. O trabalho deve ser desenvolvido até 2026.

Cambará do Sul destaca-se na produção de mel floral no Rio Grande do Sul e também produz o mel de melato, conhecido como “mel preto”, e o “mel branco”. Sobre esse último, pesquisas e registros são escassos. Segundo os produtores locais, o produto é obtido a partir do néctar de flores nativas, resultando num mel claro, com sabor característico. O “mel branco de Cambará” é produzido também nos municípios de Jaquirana e São José dos Ausentes.

Jaquirana

Vencedora do concurso CNA Brasil Artesanal – Mel 2024, Adriana de Bortoli atua na apicultura desde 2008, quando foi morar em Jaquirana. Ela e o marido administravam a propriedade e a produção de mel juntos, mas Adriana precisou assumir o negócio com a morte do esposo, em 2019. O trabalho é feito com a mãe, Evanilda, a filha Juliana, de 16 anos, e o namorado Vinícius.

A agroindústria de Adriana conquistou o Selo de Inspeção Municipal (SIM), e a apicultura busca se atualizar com cursos e atividades feitas pela associação de apicultores. Ela reconhece que o 1º lugar no concurso da CNA foi uma grande conquista e reconhecimento pelo trabalho. “É muito importante divulgar o nosso mel branco, que é típico aqui da nossa região, e que tem todo um processo na hora da colheita para a classificação. Isso porque, às vezes, em uma melgueira pode ter o mel branco, que é da flor da carne-de-vaca, e o mel silvestre, da nossa mata nativa”, afirma.

Cambará do Sul

Liane de Oliveira, do Apiário Cambará, ficou com o 4º lugar em concurso da CNA

Liane de Oliveira, do Apiário Cambará, que ficou com o 4º lugar, também celebrou. “Essa premiação foi fantástica, estamos muito felizes. É o reconhecimento de mais de 40 anos de trabalho e muita dedicação”, diz. Liane destaca que seguirá trabalhando com mais motivação para divulgar o mel branco e o município. “E falar para todos da importância das abelhas e mostrar que existem méis maravilhosos em nosso país”, sublinha.

O Apiário Cambará teve início em maio de 1982 com o pai de Liane, Irineu Castilhos. A agroindústria foi a primeira da cidade a obter o SIM, em 2009. “Na mesma época, começamos a trabalhar com o agroturismo, nosso Passeio do Mel, no qual o visitante tem a oportunidade de conhecer todos os processos da apicultura e ainda degustar todos os tipos de mel”, conta. O apiário oferece outras vivências como a Sintonia dos Sabores, uma viagem sensorial pelos méis do Brasil.

Liane também teve desafios familiares na condução do negócio. “Em 2018, meu pai teve um problema de saúde bem na safra, tinha na época 420 caixas de abelhas. Ou eu assumia ou assumia. Fui lá e tirei todo o mel”, recorda. As circunstâncias fortaleceram a relação de Liane com a atividade. “Descobri que minha vida são as abelhas e de fato virei apicultora. Enfrento diariamente a luta, no campo, na casa do mel e na venda do nosso produto”, conta. No final de 2023, o Apiário Cambará conquistou o Selo Arte.

 

 

Fonte: Correio do Povo

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