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70% do norte de Gaza está à beira da fome, aponta relatório apoiado pela ONU

por Daiane Giesen
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A fome é iminente no norte de Gaza, onde 70% da população já sofre com níveis catastróficos de insegurança alimenta, afirmou um relatório apoiado pela ONU na segunda-feira (18), enquanto o principal diplomata da União Europeia acusa Israel de usar “a fome como arma de guerra”.

Todos os 2,2 milhões de habitantes de Gaza não têm comida suficiente para comer, metade da população está à beira da fome e a fome deverá chegar ao norte do território “a qualquer momento entre meados de março e maio de 2024”, de acordo com a Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC).

A fome aguda e a desnutrição já “excederam em muito” o limiar da fome no norte de Gaza e o IPC alerta para uma “grande aceleração da morte e da desnutrição”.

“Entre meados de março e meados de julho, no cenário mais provável e sob a suposição de uma escalada do conflito, incluindo uma ofensiva terrestre em Rafah, espera-se que metade da população da Faixa de Gaza (1,11 milhão de pessoas) enfrente condições catastróficas”, alertou o relatório.

A escassez de suprimentos significa que “praticamente todas as famílias pulam refeições todos os dias” e os adultos ficam sem comida para que seus filhos possam comer, continua o documento.

Uma em cada três crianças com menos de 2 anos está “gravemente desnutrida”.

A fome poderia ser interrompida se as organizações humanitárias tivessem acesso total a Gaza para levar alimentos, água e outros suprimentos à população civil, conclui o alerta.

Crise “provocada pelo homem”
Pelo menos 25 pessoas, incluindo crianças e bebês, morreram de fome e desidratação no norte, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

As pessoas recorreram à coleta de lixo, ao consumo de grama e ração animal e ao consumo de água poluída.

As mães famintas não conseguem produzir leite suficiente para alimentar os seus bebês e os pais imploram por fórmula infantil nas unidades de saúde sobrecarregadas, disseram pais e médicos à CNN.

A crise foi descrita como “inteiramente provocada pelo homem” e “evitável” devido ao estrangulamento da ajuda por parte de Israel e à destruição generalizada de Gaza.

O relatório afirma que as condições de fome se espalharão, a menos que haja uma “cessação imediata das hostilidades” e seja concedido acesso total à ajuda à faixa.

“As pessoas em Gaza estão morrendo de fome neste momento. A velocidade a que esta crise de fome e desnutrição provocada pelo homem se alastrou por Gaza é assustadora”, afirmou a diretora-executiva do Programa Alimentar Mundial (WFP, na sigla em inglês), Cindy McCain.

“Resta uma janela muito pequena para evitar uma fome total e para isso precisamos de acesso imediato e total ao norte. Se esperarmos até que a fome seja declarada, será tarde demais. Outros milhares estarão mortos.”

O principal diplomata da União Europeia, Josep Borrell, acusou Israel de usar “a fome como arma de guerra”, dizendo que a fome “não foi um desastre natural”, mas causada por Israel “impedindo a entrada de apoio humanitário em Gaza”.

Centenas de caminhões esperam na fronteira e foram impedidos de entrar em Gaza por Israel, disse ele.

“O apoio está lá esperando. Os caminhões estão parados, as pessoas estão morrendo”, disse Borrell.

A entrega de ajuda por via marítima e aérea só foi necessária porque a forma “natural” de entrega de ajuda por terra foi “artificialmente fechada” por Israel, acrescentou.

O Programa Alimentar Mundial estima que sejam necessários pelo menos 300 caminhões para entrar em Gaza todos os dias e distribuir alimentos para satisfazer apenas as necessidades básicas da fome.

A agência da ONU só conseguiu levar nove comboios para o norte de Gaza desde o início do ano, afirmou num comunicado.

Um cessar-fogo continua a ser a única forma de agências como o PMA “lançarem uma operação de ajuda massiva que chegue a todas as comunidades necessitadas”, afirmou.

Fonte: CNN

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