A agricultura é uma atividade que envolve paixão e amor pela terra. É com essa dedicação que o agricultor Erli Giacomelli vem trabalhando há mais de 30 anos em sua lavoura, localizada em Carazinho. A propriedade retrata a busca pelo trabalho com qualidade e organização, sempre visando boas produtividades e continuidade nos negócios.
O produtor compartilhou com o Ceres Agro News um pouco de sua paixão pela atividade, a visão que tem sobre a agricultura e as perspectivas para a safra atual. Com sua experiência de mais de três décadas no agro, Giacomelli cultiva uma área de 310 hectares, composta por milho, trigo, soja e aveia.
– A nossa lavoura é diversificada, com cerca de 20% de milho, 30% de trigo e o restante sendo dedicado à soja. Neste ano, estamos cultivando aproximadamente 265 hectares de soja – revela Giacomelli.
Quando questionado sobre as expectativas para a safra, o agricultor destaca a estabilidade da soja em comparação com o milho. “Em termos de produtividade, o milho não deve apresentar uma grande produção, estimamos em torno de 150 a 160 sacas por hectare. Já na soja, se as condições climáticas permanecerem favoráveis, esperamos uma safra significativamente melhor do que nos últimos anos”, projeta.
Ele ressalta a importância do preço justo para os agricultores, observando as recentes quedas. “Os preços baixos afetam muito os agricultores. O custo da lavoura continua alto, especialmente com insumos como adubos e fertilizantes. A esperança é que a situação melhore, pois nestas condições atuais a agricultura enfrentará tempos difíceis”, analisa.
Giacomelli também reflete sobre os desafios enfrentados nos últimos anos. “Depois desses anos difíceis, agora lidamos com a questão dos preços, que está afetando bastante. No entanto, o importante é produzir bem, e acredito que os preços se ajustarão”, acrescenta.
A sucessão e o amor pela agricultura
Sobre a sucessão familiar, Giacomelli compartilha seus planos para o futuro. “Meu filho, Aldo, está fazendo a faculdade de Agronomia e meu genro já é agrônomo. A ideia é que eles assumam aos poucos para que eu possa acompanhar. A sucessão é o meu objetivo”, revela.
Ao ser questionado sobre o segredo de sua longa jornada na agricultura, Giacomelli responde com simplicidade: “É o amor. É gostar do que faz. Mesmo com todas as dificuldades, é preciso gostar. A lavoura é como criar um filho, exige cuidado constante”, ressalta.
A safra gaúcha e o mercado para a soja
O pesquisador André Pessoa, CEO da Agroconsult e idealizador do Rally da Safra, compartilhou suas observações sobre o atual cenário da produção de soja no Rio Grande do Sul. Pessoa afirma que os produtores gaúchos enfrentam a safra com sentimentos contrastantes.
Por um lado, há um alívio devido à perspectiva de recuperação da produtividade, após anos difíceis marcados por condições climáticas desfavoráveis. “Neste ano, a safra deve ser cheia, com excelentes produtividades apesar do início difícil com excesso de chuva na implantação das lavouras e muito atraso no plantio. Depois o clima normalizou e as lavouras passaram a se desenvolver muito bem”, comenta.
Entretanto, o pesquisador ressaltou a preocupação em relação à acentuada queda dos preços no mercado. Apenas cerca de 15% da safra gaúcha está previamente vendida, enquanto o ideal seria que pelo menos 50% já estivesse comercializada. Pessoa alertou para a importância dos produtores se orientarem pela margem, em vez de se guiar apenas pelos preços das commodities ou dos insumos, destacando que essa prática pode levar a perdas significativas.
Pessoa enfatizou o desafio de tirar lições da safra atual e adotar uma abordagem voltada para a margem, não apenas para os preços, ao planejar a safra futura. “Se o produtor olhar apenas para o preço, vai ficar assustado e não vai agir. E não agir no timing correto pode custar caro, como esta safra está mostrando”, alerta o pesquisador.
Projeção para a safra de soja no Brasil
A Agroconsult, organizadora do Rally da Safra, aponta para uma safra 2023/24 com produção de 153,8 milhões de toneladas de soja – 3,7% inferior à temporada passada. A produtividade média projetada é de 56,1 sacas por hectare (o índice foi de 60 sacas na safra 2022/23). A área plantada cresceu 2,9%, passando para 45,7 milhões de hectares cultivados.
– Essa safra tinha potencial para ultrapassar 169 milhões de toneladas diante do aumento de área, do bom nível tecnológico utilizado no campo e o provável cenário de recuperação do Rio Grande do Sul que, na temporada anterior, deixou de produzir 8 milhões de toneladas – explica André Debastiani, coordenador da expedição.
No Rio Grande do Sul, o ritmo de semeadura ficou abaixo da média em função do excesso de chuvas e solo encharcado. Algumas regiões semearam com muita umidade no solo, ocasionando irregularidade no estande. Com as chuvas acima da média nos meses de novembro e dezembro, as lavouras se desenvolvem de forma satisfatória até o momento, embora com porte mais baixo e menor enraizamento. A projeção é de 55,5 sacas por hectare. Na safra passada, a produtividade foi de 36,9 sacas por hectare.
– O trabalho de campo do Rally, visitando cada uma das regiões de produção de soja do Brasil, torna-se fundamental para mensurar os impactos da irregularidade climática na safra de soja. Isso só é possível por meio da coleta de amostras e medição de população de plantas, número de grãos por planta, peso dos grãos e condições fitossanitárias das lavouras – comenta Debastiani.
A importância da Expodireto
Quanto à Expodireto Cotrijal, Pessoa elogia o evento como o palco mais importante do Sul do Brasil para os produtores terem contato com as tecnologias mais modernas disponíveis no mercado. Além disso, destacou que a feira é um significativo fórum de debates e troca de informações no início do planejamento da safra futura.
– A Cotrijal, como sua magnífica feira, oferece todos os anos essa grande oportunidade aos seus cooperados e à toda a comunidade que faz parte do Agronegócio. É um momento especial no ano para todos nós e eu parabenizo os amigos da Cotrijal por mais um ano de sucesso na Expodireto. E que bom que esse vai ser com safra gaúcha cheia – vibra.
Sobre a Expodireto Cotrijal, Giacomelli expressa seu apreço pela feira. “Eu sou muito fã da Expodireto. Admiro muito. Já fiz negócios na feira, comprei tratores, plataformas e montei meu parque de máquinas. A feira é um grande impulsionador para a região e traz desenvolvimento”, comenta o produtor.