O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o mercado financeiro não é um mostro. E sim uma máquina que aloca recursos e que, por isso, os investidores buscam a segurança do controle fiscal. “O mercado não é um monstro ou um inimigo. O mercado é só uma máquina que aloca recursos”, disse.
“A verdade é que quando as condições são adversas, a inflação é muito alta e as pessoas não conseguem planejar, é a população mais carente que mais sofre. E por isso é importante ter a responsabilidade fiscal e a preocupação com o social. Assim você consegue explicar para o mercado que é possível uma convergência”.
Se essa conversão não acontecer o Banco Central pode reagir e não está descartada a possibilidade de voltar a subir a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente é de 13,75% ao ano.
A fala veio um dia depois de o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fazer, mais uma vez, críticas ao efeito da PEC do estouro no mercado financeiro. “Vai cair a bolsa, o dólar vai aumentar, paciência… o dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia”, declarou Lula nesta quinta-feira (17) na COP27, em Sharm el-Sheik, no Egito.
Durante cerca de meia hora, Campos Neto falou, em inglês, durante um evento na sede do canal Bloomberg, em São Paulo, e depois respondeu perguntas de jornalistas. A palestra foi transmitida para diversos países pela internet.
Segundo o presidente do Banco Central é possível que o governo gaste mais do que os investidores esperavam sem causar grandes problemas ao mercado. No entanto, na avaliação dele, para isso é preciso que Lula seja transparente sobre os planos do novo governo.
No evento, o executivo falou sobre os últimos desafios do país no campo da economia. Ele lembrou que o Brasil enfrentou uma crise sanitária, energética, além dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia.
“O mercado tem dado sinais de ansiedade para encontrar respostas sobre como vamos pagar a conta que cresceu durante a pandemia globalmente. Estamos na situação de como vamos converter a dívida no longo prazo”, explicou.
Campos Neto, afirmou que vê sinais de melhora na inflação e disse que o cenário econômico brasileiro é melhor do que o do resto do mundo. “Não é verdade que o Brasil gastou mais para baixar a inflação artificialmente. O Brasil mostra cenário melhor que o resto do mundo e foi rápido em subir juros”, avaliou Campos Neto.
Fonte: O Sul