Uma pesquisa da Universidade Feevale em parceira com o governo do Rio Grande do Sul mostra que o coronavírus foi encontrado em todos os esgotos de Porto Alegre e em duas cidades da Região Metropolitana: Canoas e Gravataí.
Segundo os pesquisadores, no entanto, o fato não é alarmante, já que o vírus detectado não transmite a doença.
Na Capital, o crescimento é gradativo desde 11 de maio. O número de amostras positivas, que era de 12,5% em 9 de maio, passou para 42,9% no fim do mês.
Em 20 de junho, nova alta e um aumento para 83,03%, e, em julho, a presença do vírus foi detectada em 100% das amostras. Uma delas foi coletada no Arroio Dilúvio, que corta Porto Alegre.
“Nós sabemos que temos esgoto cloacal, diversas fontes de contaminação, o que também representa a região da Capital. É uma amostragem que frequentemente tem fornecido dados positivos”, comenta a professora do mestrado em Virologia da Feevale e coordenadora do projeto, Caroline Rigotto.
Presença na Região Metropolitana
Nas estações de tratamento de esgoto da Corsan em Canoas e em Gravataí também foram coletadas amostras, com resultado semelhante: 100% delas com resultado foi positivo.
“O vírus está circulando no ambiente. Temos regiões com esgoto a céu aberto, como em Novo Hamburgo, onde tivemos 100% de amostras positivas até mesmo maior do que na estação de tratamento de esgoto”, diz Caroline.
Já em Cachoeirinha, o índice foi de 66,7%, e em Alvorada, também na Região Metropolitana da Capital, 50%.
A boa notícia é que o vírus encontrado no esgoto é incapaz de transmitir a Covid-19. Ele não sobrevive ao ambiente. Mesmo assim, a pesquisa ajuda a mapear a presença do vírus e pode ser útil no futuro, caso uma segunda onda de infecção aconteça.
“Se o vírus recomeçar a circular em alguma região, poderá ser observado antes de ele causar surtos em pessoas. Esse dado pode ser usado para que a Secretaria de Saúde tome medidas de controle em determinados bairros e regiões”, afirma a professora do Laboratório de Virologia da UFRGS Ana Cláudia Franco.
Tratamento impede proliferação
Em nota, a Corsan informou que, desde o início da pandemia, muitas análises são realizadas em vários países para detectar a presença no esgoto doméstico. Quase sempre, as amostras apontam a presença do vírus.
A empresa reforça que não existe a possibilidade de contágio pela ingestão da água distribuída por ela, já que é tratada e clorada. O cloro, de acordo com a Corsan, desativa o coronavírus. Além disso, não há registro de contaminação por ingestão deste tipo de água, em nível mundial, durante a pandemia.
O mesmo é sustentado pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), responsável pelo abastecimento em Porto Alegre.
“O cloro elimina, simplesmente destrói o vírus. Quanto ao consumo da água, não há nenhuma preocupação a ser transmitida. A população pode ficar absolutamente tranquila, porque justamente em função da presença de organismos na água bruta que se adota o uso e aplicação de cloro”, explica o diretor-geral do Dmae, Darcy Nunes dos Santos.