Grandes grupos de mulheres e crianças estão vasculhando montes de lixo em busca de comida em partes da Faixa de Gaza, afirmou um oficial da ONU na sexta-feira (29), após uma visita ao enclave palestino.
Ajith Sunghay, chefe do escritório de Direitos Humanos da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, expressou preocupação com os níveis de fome, mesmo em áreas do centro de Gaza, onde agências de ajuda têm equipes no local.
“Fiquei particularmente alarmado com a prevalência da fome”, disse Sunghay em uma entrevista coletiva em Genebra por meio de videoconferência, a partir da Jordânia. “Conseguir necessidades básicas se tornou uma luta diária e aterrorizante pela sobrevivência.”
Sunghay afirmou que a ONU não conseguiu enviar ajuda ao norte da Faixa de Gaza, onde, segundo ele, cerca de 70 mil pessoas permanecem devido a “impedimentos repetidos ou rejeições de comboios humanitários pelas autoridades israelenses”.
Sunghay visitou campos de refugiados de pessoas deslocadas recentemente de partes do norte de Gaza. Elas estavam vivendo em condições horríveis, com graves escassez de alimentos e péssimas condições sanitárias, disse ele.
“Está tão óbvio que uma ajuda humanitária maciça precisa chegar – e ela não está chegando. É muito importante que as autoridades israelenses façam isso acontecer”, afirmou. Ele não especificou a última vez que as agências da ONU enviaram ajuda ao norte de Gaza.
Alerta dos EUA
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o Secretário de Defesa, Lloyd Austin, estabeleceram no mês passado uma série de medidas para Israel cumprir em 30 dias a fim de lidar com a situação em Gaza, alertando que o não cumprimento dessas ações pode ter consequências na ajuda militar dos EUA a Israel.
O Departamento de Estado afirmou em 12 de novembro que a administração do presidente Joe Biden concluiu que Israel não estava impedindo atualmente a assistência a Gaza e, portanto, não estava violando a lei dos EUA.
O exército israelense, que iniciou sua ofensiva contra o Hamas na Faixa de Gaza após o ataque do grupo militante às comunidades israelenses do sul em outubro de 2023, afirmou que suas operações no norte de Gaza desde 7 de outubro visam impedir que militantes se reorganizem e lancem ataques a partir dessas áreas.
O órgão do governo israelense que supervisiona a ajuda, o Cogat, afirma que facilita a entrada de ajuda humanitária em Gaza e acusa as agências da ONU de não distribuí-la de maneira eficiente.
O saque também esvaziou os estoques de ajuda dentro da Faixa de Gaza, com quase 100 caminhões de alimentos sendo saqueados em 16 de novembro.
“As mulheres que conheci tinham todas perdido familiares, estavam separadas de suas famílias, tinham parentes enterrados sob escombros ou estavam feridas ou doentes”, disse Sunghay sobre sua estadia na Faixa de Gaza.
“Desabando na minha frente, elas suplicaram desesperadamente por um cessar-fogo.”
Fonte: CNN