O Ministério Público (MP) apura as circunstâncias da morte de uma bebê de 8 meses que foi retirada do próprio velório e levada ao hospital após apresentar sinais vitais em Correia Pinto, na Serra de Santa Catarina. O caso aconteceu no sábado (19).
O órgão afirmou, nesta segunda-feira (21), que um laudo cadavérico emergencial feito na bebê mostrou que ela já estava morta no momento do velório, “sem sinais vitais reais”. O documento não foi divulgado na íntegra porque envolve uma criança.
Cronologia
- ➡️ Bebê passou mal na quinta-feira (17) e foi levada ao hospital da cidade. O médico que a atendeu diagnosticou virose, aplicou soro, receitou medicamento e liberou criança. A informação é do Ministério Público.
- ➡️No sábado (19), bebê voltou ao hospital na madrugada. O mesmo médico que a atendeu na primeira vez atestou a morte dela por volta das 3 horas da manhã. A informação é do MP.
- ➡️ Velório começou entre 6 e 7 horas de sábado, onde foi verificado pelos bombeiros
- batimentos fracos, além de outros sinais. A informação é do MP.
- ➡️ Bebê foi levada ao hospital por volta das 19 horas de sábado. Após a realização de um eletrocardiograma, a direção declarou que não foram constatados sinais vitais. A informação é do MP.
- No domingo (20), MP pediu urgência na elaboração do laudo sobre a morte do bebê;
- Nesta segunda-feira (21), órgão afirmou que bebê não apresentava sinais vitais reais na cerimônia;
Quem era a vítima?
A bebê morta tinha 8 meses. O nome e a foto da vítima foram preservados.
Quando o caso aconteceu?
O caso aconteceu na noite de sábado, durante o velório da bebê, no centro da cidade.
O que o pai relatou sobre o caso?
O pai relatou que a criança passou mal na noite de quinta-feira (17), e foi levada ao hospital. O médico teria diagnosticado uma virose, aplicado soro, receitado medicamento e liberado a paciente.
Ela voltou a passar mal na madrugada de sábado (19), foi levada novamente ao hospital e o mesmo médico teria atestado a morte por volta das 3 horas da manhã.
O velório começou entre 6 e 7 horas, mas a bebê teria mexido a mão e, depois disso, apresentado sinais de vida durante a cerimônia, conforme bombeiros, família e funerária.
Ela foi levada novamente pelos bombeiros ao hospital por volta das 19 horas, diante da constatação de batimento cardíaco e saturação baixa em oxímetro, palpação e auscultação.
Após a realização de um eletrocardiograma, a direção declarou que não foram constatados sinais vitais.
O que diz a declaração de óbito?
Em nota do domingo (20), o Ministério Público afirmou que as informações contidas na declaração de óbito seriam divergentes das repassadas à família.
“O médico teria informado que a causa da morte seria asfixia por vômito, mas, na declaração de óbito, constava desidratação e infecção intestinal bacteriana“, disse o MP.
Quem levou bebê de volta ao hospital?
O Corpo de Bombeiros Militar levou a bebê de volta ao hospital, após ser chamado, perto das 19h de sábado, ao velório da criança. Ao chegar, um farmacêutico estava no local usando um oxímetro infantil e disse verificar sinais de saturação de oxigênio e batimentos cardíacos na criança.
Os bombeiros também examinaram a criança e notaram que havia batimentos fracos nela. Além disso, a corporação fez um teste nas pernas da bebê, e elas não apresentavam rigidez. Por outro lado, bebê tinha pupilas contraídas e não reagentes, além de edemas no pescoço e atrás das orelhas.
A criança, então, foi levada novamente ao hospital onde havia sido declarado o óbito. Conforme os bombeiros, ao chegarem ao local, foram feitos novos testes de oxigênio e batimentos cardíacos, que resultaram em 84% a saturação de oxigênio e 71 batimentos por minuto.
Em seguida, foi feito exame de eletrocardiograma, que não detectou sinais elétricos.
A Polícia Civil abriu inquérito?
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar as causas e as possíveis responsabilidades sobre o fato. Informou que vai ouvir todos os envolvidos e juntar demais elementos para a conclusão do procedimento investigativo. Salientou, no entanto, que não vai passar detalhes pela delicadeza do caso.
Perícia confirma que bebê estava morta?
A Polícia Científica de Santa Catarina afirmou que foi acionada para realizar os exames periciais às 20h30 sábado (19) e que encaminhou o corpo à Superintendência de Polícia Científica em Lages, onde foram realizados os exames médico-legais.
O laudo pericial que detalhada todos os achados periciais, foi emitido ainda no domingo. Nele, a perícia concluiu que “as evidências de tempo de morte são compatíveis com a hora inicial determinada da morte, no dia 19/10/2024, às 03:17h, atestadas em ambiente hospitalar por profissional médico, descartando a hipótese de que a criança estivesse viva poucas horas antes do acionamento da perícia“.
O que o hospital e prefeitura falaram sobre o caso?
A Prefeitura de Correia Pinto, por meio da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli, afirmou que a a Diretora Geral da instituição acionou o Instituto Geral de Perícias (IGP) e reforçou que, em nenhuma circunstância, qualquer profissional pode emitir atestados ou declarações sem a devida constatação das condições do paciente (leia a nota abaixo).
Nota da prefeitura e Hospital
“A Prefeitura de Correia Pinto, por meio da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli, se solidariza com a familia neste momento de dor e esclarece que a paciente deu entrada no hospital por volta das 3 horas do dia 19 de outubro de 2024. O atendimento foi realizado pela equipe plantonista, que constatou o óbito da criança.
Mais tarde no mesmo dia, por volta das 19 horas, a criança foi novamente trazida ao hospital pelo Corpo de Bombeiros Municipal, com relato de sinais de saturação. A equipe médica, mais uma vez atendeu a criança, e foi constatado o óbito.
Diante dessa situação, a Diretora Geral da Fundação Hospitalar Faustino Riscarolli prontamente acionou o Instituto Geral de Perícias (IGP), que realizará a análise e emitirá o laudo conclusivo no prazo de aproximadamente 30 dias.
A Prefeitura de Correia Pinto reitera o seu compromisso em proporcionar o melhor atendimento para todos os cidadãos, e reforça que, em nenhuma circunstância, qualquer profissional pode emitir atestados ou declarações sem a devida constatação das condições do paciente. Além disso, todos os profissionais de saúde são constantemente orientados e treinados, garantindo que a vida e o bem-estar das pessoas sejam sempre a prioridade”.
Fonte: G1