Depois de iniciar com otimismo a colheita de trigo, há nove dias, os produtores gaúchos preocupam-se agora com a ocorrência de chuvas, prejudiciais à cultura nesta etapa, que pode afetar pontualmente os resultados da safra 2023/2024.
A apreensão dos triticultores com as precipitações teve início a partir da segunda semana de outubro, quando as condições climáticas, até então favoráveis às lavouras, sofreram mudanças e provocaram chuvas que se estenderam por até cinco dias consecutivos em parte do Estado.
O resultado, conforme a edição de quinta-feira, 17, do Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, foi o estabelecimento de umidade excessiva no solo, limitando a evolução de lavouras e mantendo água livre sobre as plantas durante quase todo o período.
“Essa situação beneficiou o desenvolvimento de doenças, sobretudo giberela, e não foi possível realizar os tratos culturais, especialmente para o controle e prevenção de doenças fúngicas”, afirma o documento. Com o acesso de máquinas dificultado, a colheita foi interrompida, ameaçando eventualmente os resultados da safra.
Mesmo assim, o Informativo Conjuntural manteve a previsão de rendimento de 3.100 kg/ha, em uma área plantada de 1,3 milhão de hectares.
O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires, confirmou haver “uma grande preocupação com a questão das chuvas”, diz um texto distribuído pela assessoria de imprensa da entidade na sexta-feira, 18.
Previsão do Instituto Nacional de Meteorologia indica condições favoráveis para chuvas acima e em torno da média no Estado, com níveis elevados de umidade no solo, de outubro a dezembro.
“Ainda não há uma definição clara se a qualidade do trigo] será excelente ou se o produtor ainda enfrentará ameaças. Tudo dependerá do clima”, diz Paulo Pires.
Na avaliação do dirigente, “existe um bom potencial de produção, e o produtor que, mesmo com redução de área, investiu na cultura do trigo fez um trabalho muito bem feito, utilizando tecnologia de ponta”.
Quebra no Paraná
Pires acrescenta a possibilidade do Rio Grande do Sul atender o mercado disponibilizado pela provável queda da safra no Paraná, superior a 10%. Impactado por dias sucessivos de umidade e, antes disso, prejudicado por estiagem, altas temperaturas médias e geadas, o grão paranaense deverá sofrer também perda de qualidade. Os dois Estados, com o RS à frente, lideram a produção nacional de trigo.
No dia 12, na abertura oficial da Colheita do Trigo, em Cruz Alta, a expectativa de uma safra de 4,2 milhões de toneladas animou os agricultores responsáveis pela cultura de inverno mais semeada no Estado. No ano passado, as adversidades climáticas enfrentadas no solo gaúcho resultaram em uma produção de 2,9 milhões de toneladas. A quebra de safra chegou a 50,8%, em relação ao obtido em 2022, quando foi atingida uma marca histórica de 5,7 milhões de toneladas.
Fonte: Correio do Povo