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UPF receberá uma das três fábricas de hidrogênio e amônia de baixo carbono do RS

Em fase de licenciamento ambiental, a planta ficará junto ao Centro de Extensão e Pesquisa Agropecuária e deverá produzir 2 mil toneladas ao ano, atuando com foco no desenvolvimento de produtos, processos e treinamento de pessoas

por Daiane Giesen
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A Universidade de Passo Fundo (UPF) foi o local escolhido para a instalação de uma das três fábricas de hidrogênio e amônia de baixo carbono do Rio Grande do Sul. A iniciativa é da Begreen Bioenergia e Fertilizantes Sustentáveis – empresa para a produção de amônia (NH3) e fertilizantes a partir do hidrogênio verde – em parceria com a Associação Tecnoagro, residente do UPF Parque, que tem como objetivo de desenvolver, validar e transferir tecnologias para as diferentes áreas do agronegócio através da inovação aberta.

Na última semana, a empresa e o governo do Rio Grande do Sul assinaram um memorando de entendimento (MOU) para que as três fábricas – a serem construídas nas cidades de Passo Fundo, Tio Hugo e Condor, sendo as duas primeiras em fase de licenciamento ambiental e a terceira em processo fundiário –  possam, ao longo dos próximos três anos, beneficiarem-se dos incentivos e benefícios do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Hidrogênio do estado e contribuam para uma agenda de substituição de importação de insumos agrícolas.

As três unidades somarão investimentos de aproximadamente R$150 milhões e terão uma produção anual de 8 mil toneladas de amônia anidra. A previsão é que cerca de 120 empregos diretos sejam gerados no período de construção das três fábricas e outros 30 sejam demandados para a manutenção das unidades. Para isso, a Begreen tem como sócios a Migratio Participações, a Torao Participações e a Pharo Participações.

Além do apoio da Universidade, a empresa conta ainda com a parceria do Tecnoagro, que não só produzirá a amônia verde, como, ainda, já vem testando em laboratório e em campo várias formulações. “A construção das três unidades deve ocorrer em um ciclo de 20 meses cada, após a obtenção de todas as licenças ambientais necessárias. A expectativa, portanto, é que as primeiras plantas possam operar já a partir do primeiro semestre de 2027”, informou Luiz Paulo Hauth, diretor de operações da Begreen.

Foco em pesquisa e qualificação
Em fase de licenciamento ambiental, a planta da UPF ficará junto ao Centro de Extensão e Pesquisa Agropecuária (Cepagro) e deverá produzir 2 mil toneladas ao ano, com um grande diferencial em relação às demais plantas de investimento em pesquisa e qualificação de mão de obra. Para isso, o acordo prevê bolsas de mestrado, doutorado e iniciação científica, com foco no desenvolvimento de produtos, processos e treinamento de pessoas.

Para a reitora da UPF, Bernadete Maria Dalmolin, esse investimento é de extrema relevância, não só para a Universidade, como para toda a região norte e o Rio Grande do Sul. Com mais de 56 anos de atuação, a Instituição vem investindo, ao longo da sua história, no desenvolvimento de trabalhos e pesquisas, especialmente voltadas para a agricultura e sustentabilidade. “Nós produzimos ciência, produzimos inovações e desenvolvemos, junto com tantos outros parceiros, essa grande região. Somos a maior Universidade dessa região e, desde sempre, desenvolvemos um trabalho em todas as áreas do conhecimento, desde a educação, as licenciaturas, o agro, as tecnologias, até à área da saúde, na qual Passo Fundo é referência”, pontuou.

Energia renovável
O acordo entre o governo estadual e a Begreen prevê que em todas as três unidades contempladas no MOU o hidrogênio usado na fabricação dos insumos agrícolas seja obtido com o uso de energia renovável, ou seja, será hidrogênio verde (H2V). Também a amônia (NH3) a ser produzida, com a extração do nitrogênio do ar, será baseada em energia renovável. “Tanto a produção de hidrogênio verde – um dos insumos críticos para a produção dos fertilizantes-, quanto a do nitrogênio são eletrointensivas. O alto consumo de eletricidade nessa cadeia produtiva deve-se à necessidade do processo de eletrólise da água – de onde o hidrogênio é retirado – assim como em função da captura do nitrogênio, a partir do ar, para a composição da amônia (NH3)”, explica Hauth.

Diretor técnico do Tecnoagro, o professor Fernando Pilotto frisou o trabalho da Associação na busca por uma agricultura cada vez mais eficiente. “Nós precisamos mudar e, para isso, precisamos de tecnologia. Quem não investir em tecnologia na sua produção, não irá superar essa nova fase da agricultura”, disse. Ainda segundo o professor, o trabalho do Tecnoagro na busca por essa eficiência está baseado em três pilares: “Tecnologias que produzem mais com menos; a produção sem agredir o meio ambiente; e a busca por produzir alimentos que não gerem problemas de saúde nas pessoas. Isso é o que o mundo quer e nós estamos aqui para atender à demanda global e gerar competitividade para o agronegócio brasileiro”, concluiu.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio, Serviços e Inovação, o Brasil importa mais de 80% dos seus fertilizantes, ocupando a primeira posição internacional de importação de fertilizantes do mundo. No ano passado, as importações foram recordes, batendo 39,439 milhões de toneladas, segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda). Esse projeto, focado na produção local, próxima dos consumidores agrícolas do Rio Grande do Sul, permitirá à região ganhar maior autonomia em relação à cadeia fertilizantes, substituindo custosas importações e, ao mesmo tempo, participando localmente do esforço mundial de diminuir as emissões de gases de efeito estufa.

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