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Solenidade marca o início da construção do Memorial Às Vítimas da boate Kiss em Santa Maria

A obra deverá durar oito meses

por Daiane Giesen
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Na manhã desta quarta-feira, uma cerimônia realizada em Santa Maria, marcou o lançamento das obras do Memorial às Vítimas da Kiss. No ato realizado em frente ao prédio da tragédia que ocorreu em janeiro de 2013, foram retirados o letreiro e a porta principal do local.

Um dos pontos marcantes do ato foi a soltura de 242 balões brancos representando cada uma das vítimas do incêndio. Após foi realizado um abraço coletivo entre os pais e parentes de vítimas, marcaram o encerramento do ato.

A execução dos serviços seguiu até o final da tarde desta quarta-feira de forma interna, sendo retomada nesta quinta-feira. As primeiras etapas da execução da obra incluem o recolhimento dos itens classificados pela AVTSM, que farão parte do acervo do Memorial; a remoção do telhado; a classificação dos resíduos que ainda existem no local e recolhimento por empresa especializada; e a abertura de espaço na fachada para acesso de máquinas e equipamentos.

O procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, acompanhado de membros da Administração Superior, destacou a importância do momento para Santa Maria, mas especialmente para pais e familiares das vítimas que estavam presentes.

“A presença do Ministério Público aqui, não poderia ser diferente, é muito mais para dizer e registrar que nós estamos com vocês sempre”, disse o procurador-geral referindo-se aos representantes da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).

O projeto do Memorial é capitaneado pela Prefeitura de Santa Maria e também conta com o apoio e suporte do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), arquitetos e engenheiros responsáveis pela execução do projeto. As obras devem durar oito meses. O espaço será erguido em homenagem às 242 vítimas do incêndio ocorrido na madrugada de 27 de janeiro de 2013. O local contará com auditório, escritório, sala multiuso, auditório, banheiros masculino e feminino, acesso ao auditório, depósito, área técnica, varanda e um jardim com flores. Ao redor, haverá 242 pilares de madeira, cada um representando uma vítima da tragédia.

O memorial terá 383,65m² de área total construída distribuída em um único pavimento. A construção terá uma estrutura mista de concreto armado e de madeira laminada colada (MLC).

Além dos 242 mortos, o incêndio também deixou outros 636 feridos e culminou na maior tragédia do Rio Grande do Sul e a segunda maior do pais em número de vítimas. Além de honrar a vida dos que partiram, a construção também servirá para conscientizar sobre a importância da prevenção contra incêndios e simbolizar a luta de todos os pais e familiares de vítimas por justiça, segurança e valorização da vida. “Este dia é um simbolismo da não omissão. Era inadmissível que o Poder Público não conversasse com a Associação e não tivesse, minimamente, um respeito e empatia com os pais e familiares. Negociamos a desapropriação do imóvel junto aos proprietários e colocamos o dia 27 de janeiro no calendário oficial do Município, sempre primando pelo trabalho coletivo. Agradecemos, em especial, ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, que foi incansável e aprovou por unanimidade o projeto do Memorial para ser financiado pelo Fundo de Reconstituição de Bens Lesados. Nosso recado para o mundo inteiro é que esse Memorial, além de acolher e preservar a memória, sirva de exemplo para que uma tragédia como esta não se repita”, pontuou o prefeito Jorge Pozzobom acompanhado do vice-prefeito Rodrigo Decimo.

“Desfazer a ruína e construir a memória” é a frase que estampa os tapumes dispostos à frente da fachada da antiga boate e que isolam o local da obra na Rua dos Andradas.

O atual presidente da AVTSM, Gabriel Rovadoschi, acompanhado dos ex-presidentes da entidade, Adherbal Ferreira, Sérgio da Silva e Flávio Silva. Na ocasião, cada um dos ex-presidentes recebeu uma placa como homenagem de reconhecimento pela atuação à frente da Associação. “Hoje é um marco na nossa história, que é tirar papel o projeto do memorial. Será uma grande plataforma na luta para o não esquecimento da nossa história”, afirmou. Para ele, o local será usado para contar e perpetuar a nossa história para futuras gerações. “É um espaço seguro para servir de bandeira para as causas. A mensagem é muito ampla , representa a luta contra omissão, ganancia todas as questões danosas para a sociedade. A situação de impunidade, dificuldade na justiça e especialmente o esquecimento, que é uma onda muito forte e o memorial ajuda a que isto não ocorra”, observa.
A obra está orçada em pouco mais de R$ 4,8 milhões e é custeada com verbas do Fundo para Reconstituição de Bens Lesados (FRBL), do MPRS – que em maio de 2023 oficializou o repasse de R$ 4 milhões. O restante do valor (R$ 870 mil) é contrapartida da Prefeitura. O prazo para entrega é de 240 dias (8 meses).

Fonte: Correio do Povo

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